"Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer." Fernando Pessoa
29/01/2012
As cartas no Facebook
Pronto, pronto...perante tantas solicitações de amizade no Facebook, quem lê estas cartas já tem agora uma paginola a que pode aderir. Ide lá, procurai Cartas de Sydney e eu prometo fotos, novidades de Sydney e outras coisas que não interessam nada. Todos os dias!!!
25/01/2012
Aussie holidays #4
Já não me lembro da última vez que acordei tão entusiasmada! Por um lado, tinha uma pena imensa de deixar Melbourne, por outro estava tão ansiosa por me fazer à estrada que me consolei com um simples: "um dia, ainda vou viver aqui". E fizémos check-out.
Ele foi buscar o carro e eu fiquei guardiã das malas. Estava preocupada ao mesmo tempo. Isto de conduzir numa cidade daquele tamanho com o volante no sítio errado tem que se lhe diga. Não era eu que ia conduzir, e ele até já tem experiência nessa matéria, mas mesmo assim era coisa que me estava a perturbar. E sabia que por ser altura de Natal a vigilância nas estradas era a triplicar. Aqui, a polícia, além de altamente respeitada, não é para brincadeiras.
Assim que o vi lá ao fundo parado no sinal cresceu em mim outra vez o entusiasmo que acordou comigo. Sem mapa na mão, mas com o magnífico sentido de orientação do meu mais que tudo, lá conseguimos sair da cidade em direcção a Geelong. Não sabíamos muito bem o que íamos encontrar. Ou pelo menos eu não sabia. Ele como tinha estado a tratar de tudo, a organizar todas as paragens, estava mais a par do que eu.
Parámos no centro de turismo. Uma senhora velhota lá nos deu mapas, roteiros e ideias de tudo o que poderíamos ver no percurso que tinhamos planeado para os cinco dias seguintes. Ela, em compensação, viu pela primeira vez um par de portugueses, o que muito a entusiasmou.
Ainda era cedo e os quilómetros que tinhamos planeados para o primeiro dia nem eram assim tantos, por isso resolvemos parar em Geelong, de acordo com a recomendação da senhora do posto. Lá chegados depressa percebemos que Geelong é uma pequena cidade que serve com dormitório para quem trabalha em Melbourne. É, no entanto, a segunda maior cidade de Victoria... Não há muita coisa, mas o que há... é delicioso. Geelong é a porta de entrada na Great Ocean Road e na Peninsula de Bellarine. A extensa praia tem algumas 40 esculturas de madeira que representam personagens da cidade, umas mais antigas outras mais recentes: pescadores, famílias australianas, os fatos de banho dos anos 30, os nadadores-salvadores. Maravilhoso!
Almoçámos por lá e seguimos viagem. O dia não estava nada convidativo mas estávamos com esperança que à medida que fossemos seguindo iria melhorar. Próxima paragem Torquay. Esta pequena cidade não é mais do que um resort de surfistas. O pessoal aqui é louco por desportos de água, sendo o surf o rei. Eu como não ligo nada a surf acho estranho ver uma cidade inteira, ainda que pequena, a girar à volta do surf. Demos um pulo à Bells Beach e continuámos - sem mergulho - dada a ventania. A Bells Beach é apenas uma das paragens dos 35 quilómetros da Surf Walk Coast. A próxima era Anglesea. Em Anglesea já havia um bocadinho mais do que só praia... que isto também ao fim da terceira, quem viu uma já viu todas! Encontrámos a Split Point Lighthouse e por ali ficámos um bocado a apreciar. Um caminho deserto, uma casa de chá pitoresca e um farol. Mais nada num raio de não sei quantos quilómetros, mas - acreditem - muitos mesmo! A casa de chá - onde também se alugavam quartos - era antiga, cheia de fotos de tempos passados, branca por fora, colorida por dentro e recheada de recordações. Entrámos e ficámos por ali a apreciar a mobília vintage e a imaginar as histórias que aquela casa teria para contar. As fotos cá fora mostravam rotinas piscatórias do início do século XX. Para mim mostravam também os trajes de banho dessa época eh eh eh muito bom! Do farol olhámos para o mar. É de cortar a respiração. Afinal não é verdade o que disse ali em cima, quem viu uma praia não viu todas!
Seguimos. Fomos parando pelo caminho sempre que queriamos tirar umas fotos da paisagem, mas foi num instante que nos pusemos em Lorne, o sítio da primeira noite. Chegádos ao Parque de Campismo e já com a tenda montada fomos explorar o sítio. Eu juro que me pareceu ter saído da Austrália e ter entrado directamente num filme de época. Esperava a qualquer momento ver alguém vestido de dama antiga dentro de um choche, mas o que vimos foi mais surfistas. Um supermercado, duas pizzarias, dezenas de esplanadas, um pub (aberto às sextas e sábados), um banco, post office, algumas lojas de roupa e uma sala de cinema. E acabou Lorne. Eu, sempre menina de cidade, perguntava-lhe a ele, sempre menino do campo, como é que era possível ser teenager ali. Eu estava a amar tudo que via, a arquitectura, a limpeza, tudo bem arranjadinho, mais um memorial para os mortos de guerra do ANZAC mas...como é que se tem 17 anos num sítio onde só há um pub e uma sala de cinema?? Voltámos ao Parque e pensámos em ir ao cinema nessa noite. O problema é que aqui, e não só em Lorne mas em todo o país, é que tudo se passa mais cedo... Então para irmos ao cinema teríamos de jantar à 6 da tarde, porque o cinema é às 7h30... como ainda nem sabíamos o que iamos ou queriamos comer percebemos que talvez não fosse a melhor ideia.
O que eu gosto disto do campismo é que ando de havaianas e hoodie sem grandes preocupações se estou ou não penteada. O que ele gosta é de fazer bbqs. Eu já aqui disse milhares de vezes que os australianos são minuciosos e muito cuidadosos. É por isto que o país funciona tão bem... Então, em vez dos campistas andarem de fogareiro na mão, é-lhes disponibilizado um bbq a gás - gratuito - que se desliga automaticamente ao fim de x tempo e que é de utilização livre. Estes bbq existem um pouco por tudo quando é parque. Aqui em Sydney, perto da minha casa, tenho dois. Assim ninguém faz fogueiras e diminui-se o risco dos fogos florestais, coisa que aqui também é levada muito a sério.
Lá fizémos o bbq. Anoiteceu e nós recolhemos à tenda. Há algum tempo que não dormia num colchão de pouco mais de um centímetro e sem almofada, mas isso não tem importância nenhuma. Planeámos o segundo dia à luz da lanterna e adormecemos a sonhar com a próxima paragem.
Ele foi buscar o carro e eu fiquei guardiã das malas. Estava preocupada ao mesmo tempo. Isto de conduzir numa cidade daquele tamanho com o volante no sítio errado tem que se lhe diga. Não era eu que ia conduzir, e ele até já tem experiência nessa matéria, mas mesmo assim era coisa que me estava a perturbar. E sabia que por ser altura de Natal a vigilância nas estradas era a triplicar. Aqui, a polícia, além de altamente respeitada, não é para brincadeiras.
Assim que o vi lá ao fundo parado no sinal cresceu em mim outra vez o entusiasmo que acordou comigo. Sem mapa na mão, mas com o magnífico sentido de orientação do meu mais que tudo, lá conseguimos sair da cidade em direcção a Geelong. Não sabíamos muito bem o que íamos encontrar. Ou pelo menos eu não sabia. Ele como tinha estado a tratar de tudo, a organizar todas as paragens, estava mais a par do que eu.
Parámos no centro de turismo. Uma senhora velhota lá nos deu mapas, roteiros e ideias de tudo o que poderíamos ver no percurso que tinhamos planeado para os cinco dias seguintes. Ela, em compensação, viu pela primeira vez um par de portugueses, o que muito a entusiasmou.
Ainda era cedo e os quilómetros que tinhamos planeados para o primeiro dia nem eram assim tantos, por isso resolvemos parar em Geelong, de acordo com a recomendação da senhora do posto. Lá chegados depressa percebemos que Geelong é uma pequena cidade que serve com dormitório para quem trabalha em Melbourne. É, no entanto, a segunda maior cidade de Victoria... Não há muita coisa, mas o que há... é delicioso. Geelong é a porta de entrada na Great Ocean Road e na Peninsula de Bellarine. A extensa praia tem algumas 40 esculturas de madeira que representam personagens da cidade, umas mais antigas outras mais recentes: pescadores, famílias australianas, os fatos de banho dos anos 30, os nadadores-salvadores. Maravilhoso!
Almoçámos por lá e seguimos viagem. O dia não estava nada convidativo mas estávamos com esperança que à medida que fossemos seguindo iria melhorar. Próxima paragem Torquay. Esta pequena cidade não é mais do que um resort de surfistas. O pessoal aqui é louco por desportos de água, sendo o surf o rei. Eu como não ligo nada a surf acho estranho ver uma cidade inteira, ainda que pequena, a girar à volta do surf. Demos um pulo à Bells Beach e continuámos - sem mergulho - dada a ventania. A Bells Beach é apenas uma das paragens dos 35 quilómetros da Surf Walk Coast. A próxima era Anglesea. Em Anglesea já havia um bocadinho mais do que só praia... que isto também ao fim da terceira, quem viu uma já viu todas! Encontrámos a Split Point Lighthouse e por ali ficámos um bocado a apreciar. Um caminho deserto, uma casa de chá pitoresca e um farol. Mais nada num raio de não sei quantos quilómetros, mas - acreditem - muitos mesmo! A casa de chá - onde também se alugavam quartos - era antiga, cheia de fotos de tempos passados, branca por fora, colorida por dentro e recheada de recordações. Entrámos e ficámos por ali a apreciar a mobília vintage e a imaginar as histórias que aquela casa teria para contar. As fotos cá fora mostravam rotinas piscatórias do início do século XX. Para mim mostravam também os trajes de banho dessa época eh eh eh muito bom! Do farol olhámos para o mar. É de cortar a respiração. Afinal não é verdade o que disse ali em cima, quem viu uma praia não viu todas!
Seguimos. Fomos parando pelo caminho sempre que queriamos tirar umas fotos da paisagem, mas foi num instante que nos pusemos em Lorne, o sítio da primeira noite. Chegádos ao Parque de Campismo e já com a tenda montada fomos explorar o sítio. Eu juro que me pareceu ter saído da Austrália e ter entrado directamente num filme de época. Esperava a qualquer momento ver alguém vestido de dama antiga dentro de um choche, mas o que vimos foi mais surfistas. Um supermercado, duas pizzarias, dezenas de esplanadas, um pub (aberto às sextas e sábados), um banco, post office, algumas lojas de roupa e uma sala de cinema. E acabou Lorne. Eu, sempre menina de cidade, perguntava-lhe a ele, sempre menino do campo, como é que era possível ser teenager ali. Eu estava a amar tudo que via, a arquitectura, a limpeza, tudo bem arranjadinho, mais um memorial para os mortos de guerra do ANZAC mas...como é que se tem 17 anos num sítio onde só há um pub e uma sala de cinema?? Voltámos ao Parque e pensámos em ir ao cinema nessa noite. O problema é que aqui, e não só em Lorne mas em todo o país, é que tudo se passa mais cedo... Então para irmos ao cinema teríamos de jantar à 6 da tarde, porque o cinema é às 7h30... como ainda nem sabíamos o que iamos ou queriamos comer percebemos que talvez não fosse a melhor ideia.
O que eu gosto disto do campismo é que ando de havaianas e hoodie sem grandes preocupações se estou ou não penteada. O que ele gosta é de fazer bbqs. Eu já aqui disse milhares de vezes que os australianos são minuciosos e muito cuidadosos. É por isto que o país funciona tão bem... Então, em vez dos campistas andarem de fogareiro na mão, é-lhes disponibilizado um bbq a gás - gratuito - que se desliga automaticamente ao fim de x tempo e que é de utilização livre. Estes bbq existem um pouco por tudo quando é parque. Aqui em Sydney, perto da minha casa, tenho dois. Assim ninguém faz fogueiras e diminui-se o risco dos fogos florestais, coisa que aqui também é levada muito a sério.
Lá fizémos o bbq. Anoiteceu e nós recolhemos à tenda. Há algum tempo que não dormia num colchão de pouco mais de um centímetro e sem almofada, mas isso não tem importância nenhuma. Planeámos o segundo dia à luz da lanterna e adormecemos a sonhar com a próxima paragem.
São tão fofinhas!
Torquay
Split Point Lighthouse
Tea house
Lorne
Cá uma beijoca
Eu não digo? Cá está ele!
Going to the park
23/01/2012
Carta aberta ao Cavaco Silva
Caro Aníbal,
Espero que não te importes que te trate por tu. Afinal, pela miséria de reforma que ganhas, és cá do povo, e o povo trata-se por tu. Não sabia, mas afinal fazes parte da larga maioria de reformados que vivem no limiar da pobreza e, só por isso, me mereces especial atenção. Bem sei das dificuldades que falas, afinal quer o meu pai quer a minha mãe são reformados e vêem-se aflitos cada vez que ouvem mais um corte nas já miseráveis pensões. Sabes Aníbal, o meu pai começou a trabalhar com 12 anos e a minha mãe pela mesma idade, e 60 anos depois - uma vida de trabalho hás-de concordar - vêem-se a ter de contar os tostões para chegarem ao fim do mês com dignidade. Mas olha, nem te vou falar dos meus pais que felizmente nem são um caso assim tão mau. Deixa-me antes falar-te das famílias que vivem com metade da tua reforma de 1300 euros.
Já pensáste como é que um casal com dois filhos em idade escolar vive com 600 euros? Olha eu já! E não consigo perceber como é que vivem sem faltarem ao pagamento das despesas. Poderias tu talvez com certeza começares a dar conselhos de como gerir 600 euros dos quais tem de sair a renda da casa, a comida, as despesas de água, luz e gás e ainda o material escolar dos miudos e o passe para ir trabalhar, que dependendo do sítio onde vivem pode ir aos 100 euros por casal.
Apesar de não ser reformada, longe disso até, deixa-me dizer-te que estou solidária contigo. É lixado uma pessoa fartar-se de trabalhar e não ganhar para as despesas, quanto mais para extras como um copo ao fim de semana ou um ou outro jantar fora. Luxos que cada vez menos portugueses têm.
Amigo Aníbal, já não estás na idade de emigrar, senão era isso que te dizia para fazeres... como já estás velhote porque é que não fazes uns biscates? Sempre é um extra que ganhas, possivelmente livre de impostos, que podes juntar à miserável reforma e assim viver de forma mais desafogada.
Conheço um senhor que é uma espécie de faz-tudo, ajeita-se com pequenos arranjos domésticos e vai fazendo assim uns trocos. Tu como foste professor de economia talvez pudesses dar umas explicações de matemática? Hein? Que dizes? Ah... espera... talvez seja má ideia já que não és muito bom a fazer simples contas de somar, pelo que percebi... tens qualquer coisa de comum com o Senhor José a quem escrevi noutro dia.
Sendo assim não sei como te ajudar, mas olha Aníbal, deixa lá, come uns enlatados de feijão e salsichas ao almoço (podes variar com atum que o peixinho na tua idade faz falta) e umas sopinhas ao jantar e, não te esqueças, acredita sempre em Portugal!
Espero que não te importes que te trate por tu. Afinal, pela miséria de reforma que ganhas, és cá do povo, e o povo trata-se por tu. Não sabia, mas afinal fazes parte da larga maioria de reformados que vivem no limiar da pobreza e, só por isso, me mereces especial atenção. Bem sei das dificuldades que falas, afinal quer o meu pai quer a minha mãe são reformados e vêem-se aflitos cada vez que ouvem mais um corte nas já miseráveis pensões. Sabes Aníbal, o meu pai começou a trabalhar com 12 anos e a minha mãe pela mesma idade, e 60 anos depois - uma vida de trabalho hás-de concordar - vêem-se a ter de contar os tostões para chegarem ao fim do mês com dignidade. Mas olha, nem te vou falar dos meus pais que felizmente nem são um caso assim tão mau. Deixa-me antes falar-te das famílias que vivem com metade da tua reforma de 1300 euros.
Já pensáste como é que um casal com dois filhos em idade escolar vive com 600 euros? Olha eu já! E não consigo perceber como é que vivem sem faltarem ao pagamento das despesas. Poderias tu talvez com certeza começares a dar conselhos de como gerir 600 euros dos quais tem de sair a renda da casa, a comida, as despesas de água, luz e gás e ainda o material escolar dos miudos e o passe para ir trabalhar, que dependendo do sítio onde vivem pode ir aos 100 euros por casal.
Apesar de não ser reformada, longe disso até, deixa-me dizer-te que estou solidária contigo. É lixado uma pessoa fartar-se de trabalhar e não ganhar para as despesas, quanto mais para extras como um copo ao fim de semana ou um ou outro jantar fora. Luxos que cada vez menos portugueses têm.
Amigo Aníbal, já não estás na idade de emigrar, senão era isso que te dizia para fazeres... como já estás velhote porque é que não fazes uns biscates? Sempre é um extra que ganhas, possivelmente livre de impostos, que podes juntar à miserável reforma e assim viver de forma mais desafogada.
Conheço um senhor que é uma espécie de faz-tudo, ajeita-se com pequenos arranjos domésticos e vai fazendo assim uns trocos. Tu como foste professor de economia talvez pudesses dar umas explicações de matemática? Hein? Que dizes? Ah... espera... talvez seja má ideia já que não és muito bom a fazer simples contas de somar, pelo que percebi... tens qualquer coisa de comum com o Senhor José a quem escrevi noutro dia.
Sendo assim não sei como te ajudar, mas olha Aníbal, deixa lá, come uns enlatados de feijão e salsichas ao almoço (podes variar com atum que o peixinho na tua idade faz falta) e umas sopinhas ao jantar e, não te esqueças, acredita sempre em Portugal!
20/01/2012
Aussie holidays #3
Foi ao terceiro dia que pusémos em prática a nossa nova forma de passar férias. Ainda em Sydney tinhamos decidido acrescentar à já imensa bagagem os ténis e a roupa de corrida. Eu, para ser sincera, sempre pensei que era coisa que não iríamos usar, mas surpresa das surpresas, foi ao terceiro dia que calçamos os ténis e lá fomos nós a correr pela cidade, bem cedinho, junto do rio. Digo-vos não há melhor maneira de por um lado conhecer a cidade e perceber o que se quer ir conhecer melhor, e por outro lado, combater os inevitáveis excessos das férias. Que maravilha!
Quarenta e cinco minutos depois lá voltámos ao hotel e lá nos preparámos para mais um dia. Eu tinha cada vez mais sede de conhecer a cidade. A sério, ficou-me mesmo cá dentro. É absolutamente maravilhosa (mas ainda não bate o Rio de Janeiro, na minha opinião). Eu diria que Sydney é mais imponente, mas Melbourne...é um doce. Cheia de edifícios antigos (enfim...antigos isto é, a cidade foi fundada em 1835. há que perceber que aqui na Austrália o que é antigo nunca vai antes do século XIX), ruas onde apetece passear de mão dada lentamente, a respirar a brisa e a absorver o som agitado dos dias de trabalho. Em Melbourne é possível viver num só dia as quatro estações do ano. Já me tinham dito mas achei que era treta. Acreditem, não é, e para mim esse é o maior senão desta cidade que me conquistou.
Depois de fazermos o Eureka Building e a Edge Experience sabíamos que nada nos ia excitar tanto, por isso, optámos por fazer o mais comum. A Chinatown é fraquíssima se comparada com a de Sydney. Apenas uma rua estreita sem nada de muito chamativo e com alguns becos onde não nos atrevemos a entrar. Mais um passeio na Federation Square e uma ida ao Parlamento.
A Federation Square é uma praça cheia de vida. alia acontece tudo. Bares, cafés, concertos, ecrãs gigantes com apresentações, galerias de arte e muitas esplanadas. Os australianos, e mais os de Melbourne, têm este maravilhoso hábito: saem do trabalho pelas 4h30 ou 5h e não vão para casa. Vão beber uma pint ou um copo de vinho e conversar um bocado antes de regressarem ao suburb onde vivem. Sim, aqui viver na cidade é considerado brega... E o sítio ideal para fazer isso mesmo é a Federation Square. Também nós lá fomos nessa noite, ele para beber a sua cerveja e eu para degustar o meu copo de sparkling wine. Ahhhhh isto é que é vida. Como eu gosto do lifestyle destes gajos!
Dali seguimos para o Parlamento. Curioso que nunca entrei no de New South Wales, mas quer em Victoria quer em South Australia fiz a visita guiada... enfim, em casa de ferreiro... O Parlamento Victoriano segue o modelo inglês. É composto pelo Legislative Council e pela Legislative Assembly, nomes diferentes mas que vão dar ao mesmo que a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns, a primeira em vermelho, a segunda em verde, ambas pintadas a ouro. Literalmente. O edifício foi construído durante a Gold Rush do Séc. XIX e por isso aquelas salas foram todas pintadinhas a ouro. Explicou o nosso guia que Victoria teve muita sorte porque se tinha separado de New South Wales apenas duas semaninhas antes de descobrirem que havia ouro em Victoria, não sendo assim obrigados a partilhar. Eu tenho cá para mim que eles já sabiam e foi por isso mesmo que pediram separação, mas enfim... isso é coisa que o guia não iria dizer...
Visitámos também o Shrine of Remembrance, um edifício rodeado de jardins onde todos os dias, duas vezes por dia é celebrada uma cerimónia em homenagem aos militares que perderam a vida na Primeira Guerra Mundial. Os mortos de guerra é uma coisa que aqui se leva à séria. Há memoriais em todo o lado, mesmo na cidadezinha mais pequena e provinciana, seja para a Primeira, seja para a Segunda, e até para a do Vietname. Deve ser porque dos cerca de 89 mil militares victorianos que foram para a guerra, 19 mil não regressaram. Em Melbourne sentiu-se a necessidade de arranjar um local de culto onde os familiares desses soldados pudessem ir acalmar a sua dor. Reza a história que foram esses familiares que construiram o Shrine com as suas generosas contribuições. A cerimónia é arrepiante. Nasce um raio de sol de lá de cima do tecto, que vem até cá abaixo iluminar uma lápide onde está gravada a frase: "Greater love hath no men", que significa qualquer coisa como "ninguém amou mais do que estes homens". Isto tudo acompanhado com uma musiquinha de corneta militar. Cá fora há uma chama sempre acesa. É uma homenagem bonita, só vos digo. Lá dentro podem ver-se exposições e filmes sobre a presença dos australianos na guerra. Vale muito a pena.
Terminámos o dia a visitar as Docklands, uma parte recente da cidade onde está o estádio e o Channel 7, que mais parece o Parque das Nações e onde há alguns eventos, como pequenas feiras, mas também comércio e outlets. Saímos dali e regressámos ao hotel, era noite de irmos curtir que no dia seguinte partiríamos à aventura pela Great Ocean Road.
Quarenta e cinco minutos depois lá voltámos ao hotel e lá nos preparámos para mais um dia. Eu tinha cada vez mais sede de conhecer a cidade. A sério, ficou-me mesmo cá dentro. É absolutamente maravilhosa (mas ainda não bate o Rio de Janeiro, na minha opinião). Eu diria que Sydney é mais imponente, mas Melbourne...é um doce. Cheia de edifícios antigos (enfim...antigos isto é, a cidade foi fundada em 1835. há que perceber que aqui na Austrália o que é antigo nunca vai antes do século XIX), ruas onde apetece passear de mão dada lentamente, a respirar a brisa e a absorver o som agitado dos dias de trabalho. Em Melbourne é possível viver num só dia as quatro estações do ano. Já me tinham dito mas achei que era treta. Acreditem, não é, e para mim esse é o maior senão desta cidade que me conquistou.
Depois de fazermos o Eureka Building e a Edge Experience sabíamos que nada nos ia excitar tanto, por isso, optámos por fazer o mais comum. A Chinatown é fraquíssima se comparada com a de Sydney. Apenas uma rua estreita sem nada de muito chamativo e com alguns becos onde não nos atrevemos a entrar. Mais um passeio na Federation Square e uma ida ao Parlamento.
A Federation Square é uma praça cheia de vida. alia acontece tudo. Bares, cafés, concertos, ecrãs gigantes com apresentações, galerias de arte e muitas esplanadas. Os australianos, e mais os de Melbourne, têm este maravilhoso hábito: saem do trabalho pelas 4h30 ou 5h e não vão para casa. Vão beber uma pint ou um copo de vinho e conversar um bocado antes de regressarem ao suburb onde vivem. Sim, aqui viver na cidade é considerado brega... E o sítio ideal para fazer isso mesmo é a Federation Square. Também nós lá fomos nessa noite, ele para beber a sua cerveja e eu para degustar o meu copo de sparkling wine. Ahhhhh isto é que é vida. Como eu gosto do lifestyle destes gajos!
Dali seguimos para o Parlamento. Curioso que nunca entrei no de New South Wales, mas quer em Victoria quer em South Australia fiz a visita guiada... enfim, em casa de ferreiro... O Parlamento Victoriano segue o modelo inglês. É composto pelo Legislative Council e pela Legislative Assembly, nomes diferentes mas que vão dar ao mesmo que a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns, a primeira em vermelho, a segunda em verde, ambas pintadas a ouro. Literalmente. O edifício foi construído durante a Gold Rush do Séc. XIX e por isso aquelas salas foram todas pintadinhas a ouro. Explicou o nosso guia que Victoria teve muita sorte porque se tinha separado de New South Wales apenas duas semaninhas antes de descobrirem que havia ouro em Victoria, não sendo assim obrigados a partilhar. Eu tenho cá para mim que eles já sabiam e foi por isso mesmo que pediram separação, mas enfim... isso é coisa que o guia não iria dizer...
Visitámos também o Shrine of Remembrance, um edifício rodeado de jardins onde todos os dias, duas vezes por dia é celebrada uma cerimónia em homenagem aos militares que perderam a vida na Primeira Guerra Mundial. Os mortos de guerra é uma coisa que aqui se leva à séria. Há memoriais em todo o lado, mesmo na cidadezinha mais pequena e provinciana, seja para a Primeira, seja para a Segunda, e até para a do Vietname. Deve ser porque dos cerca de 89 mil militares victorianos que foram para a guerra, 19 mil não regressaram. Em Melbourne sentiu-se a necessidade de arranjar um local de culto onde os familiares desses soldados pudessem ir acalmar a sua dor. Reza a história que foram esses familiares que construiram o Shrine com as suas generosas contribuições. A cerimónia é arrepiante. Nasce um raio de sol de lá de cima do tecto, que vem até cá abaixo iluminar uma lápide onde está gravada a frase: "Greater love hath no men", que significa qualquer coisa como "ninguém amou mais do que estes homens". Isto tudo acompanhado com uma musiquinha de corneta militar. Cá fora há uma chama sempre acesa. É uma homenagem bonita, só vos digo. Lá dentro podem ver-se exposições e filmes sobre a presença dos australianos na guerra. Vale muito a pena.
Terminámos o dia a visitar as Docklands, uma parte recente da cidade onde está o estádio e o Channel 7, que mais parece o Parque das Nações e onde há alguns eventos, como pequenas feiras, mas também comércio e outlets. Saímos dali e regressámos ao hotel, era noite de irmos curtir que no dia seguinte partiríamos à aventura pela Great Ocean Road.
ANZAC
The ceremony
Federation Square
Princes Walk
Beautiful
Julia Gillard não te metas comigo
Docklands
Esta peça é de um artista muito famoso e chama-se "Cow on the tree"...original...
19/01/2012
Aniversário
Pois este blog já fez um aninho e está com vontade de mudar. Já há um novo layout mas em breve há mais novidades. E mais descrições e fotos das férias. Não tenho é tido muito tempo...para não variar... mas aguardai com serenidade que saber esperar diz que é uma virtude!
15/01/2012
Bronzeada? Hummm....acho que passo
Não sei se é da idade se é por viver num país onde o cancro da pele é uma das maiores causas de morte, estou cada vez mais avessa ao sol. Posso dizer que ainda não estive mais de meia horinha deitada ao sol desde que estou na Austrália. É que o sol aqui queima à séria! Ando sempre com protector solar factor 30 na mala, não saio de casa sem me besuntar bem besuntadinha e mesmo assim já ganhei uma corzinha.
Por outro lado acho que aqueles bronzeados muito escuros já não se usam...ou então sou eu que não gosto. Pelo menos tenho preferido ver-me clarinha. Noutro dia em Narrabeen vi uma miuda que estava tão escura que parecia africana, apesar de se notar que era caucasiana. Eu nem quero imaginar aquela pele quando chegar aos 40...jasus!
Por outro lado acho que aqueles bronzeados muito escuros já não se usam...ou então sou eu que não gosto. Pelo menos tenho preferido ver-me clarinha. Noutro dia em Narrabeen vi uma miuda que estava tão escura que parecia africana, apesar de se notar que era caucasiana. Eu nem quero imaginar aquela pele quando chegar aos 40...jasus!
14/01/2012
A Focus fechou
A revista Focus fechou. Anos e anos de ameaças finalmente concretizados. Aflige-me, não o fecho da revista, mas as vidas dos meus amigos que lá deixei nos cinco anos que lá passei, três dos quais absolutamente miseráveis. Aprendi muita coisa boa, conheci lá as melhores pessoas que me ficarão para a vida, mas passei ali os piores anos da minha existência, experimentei os sentimentos mais amargos. Ainda hoje não sou o que era por tudo que aquele inferno me fez.
No dia em a Focus fechou outros colegas pediam no Facebook que fizessemos um like na nova página da Impala. Nem morta. Onde é que se põe o like? Na perseguição ridícula aos empregados? Nos salários miseráveis? Ou nos despedimentos colectivos que de vez em quando têm lugar?
Alguém me disse que vivo num planeta perfeito. Não. Apenas me recuso à resignação, apenas me recuso a aceitar ser uma sorte ser paga pelo meu trabalho, apenas me recuso a olhar só para o meu umbigo e não pensar naquelas 18 pessoas que ficaram sem emprego. Como dizia a minha Veró noutro dia num comment, já ninguém se importa com o vizinho do lado. E é tão triste.
Saí no dia 28 de Maio de 2008. Nunca mais me esquecerei desse dia, porque foi o mais feliz da minha vida, o dia em que saí para não voltar no outro dia porque me despedi. Na pior altura que lá passei, noutro blog, escrevi este texto sobre como me sentia naquela redacção, em 2005.
Hoje é sexta feira, 13 e chove lá fora. E eu estou aqui, presa nas masmorras da tacanhez, a definhar lentamente. A ver a minha vida a passar como se estivesse a ver um filme, demasiado confortável sentada no sofá para me levantar e mudar de canal. Lá fora chove e aqui também: há uma tempestade no meu coração que eu não consigo parar. Há muito tempo que vivo no Inverno, há muito tempo que quando entro aqui o sol desaparece e fico cheia de frio. Dos meus dedos frios discorrem palavras igualmente frias, sem emoção nem criatividade. Sou uma máquina de produção de conteúdos. De vez em quando o medo apodera-se de mim, o meu coração bate mais forte, raios e trovões brotam do meu peito, para logo me acalmar e ver que a porta está fechada. E que eu estou presa, nas masmorras das estupidez e do poder, sem nada poder fazer. Com uma máscara de ferro para que sejamos todos iguais, para que se perca a humanidade e as lágrimas não se vejam. De nada servem as conspirações e as queixas em surdina…
Nos corredores há sempre alguém que nos vê, aqui sentada os meus passos são seguidos minuciosamente através deste ecrã que mais parece uma janela para o inferno.
Hoje é sexta feira, não interessa se é 13 ou não, se chove lá fora ou não. Interessa que é lá fora que eu vou estar durante dois dias. Uma espécie de licença precária, que me recarrega para voltar à escuridão das masmorras onde vou definhando calmamente, sem nada fazer, a ver o tempo passar e a minha vida encolher…
No dia em a Focus fechou outros colegas pediam no Facebook que fizessemos um like na nova página da Impala. Nem morta. Onde é que se põe o like? Na perseguição ridícula aos empregados? Nos salários miseráveis? Ou nos despedimentos colectivos que de vez em quando têm lugar?
Alguém me disse que vivo num planeta perfeito. Não. Apenas me recuso à resignação, apenas me recuso a aceitar ser uma sorte ser paga pelo meu trabalho, apenas me recuso a olhar só para o meu umbigo e não pensar naquelas 18 pessoas que ficaram sem emprego. Como dizia a minha Veró noutro dia num comment, já ninguém se importa com o vizinho do lado. E é tão triste.
Saí no dia 28 de Maio de 2008. Nunca mais me esquecerei desse dia, porque foi o mais feliz da minha vida, o dia em que saí para não voltar no outro dia porque me despedi. Na pior altura que lá passei, noutro blog, escrevi este texto sobre como me sentia naquela redacção, em 2005.
Hoje é sexta feira, 13 e chove lá fora. E eu estou aqui, presa nas masmorras da tacanhez, a definhar lentamente. A ver a minha vida a passar como se estivesse a ver um filme, demasiado confortável sentada no sofá para me levantar e mudar de canal. Lá fora chove e aqui também: há uma tempestade no meu coração que eu não consigo parar. Há muito tempo que vivo no Inverno, há muito tempo que quando entro aqui o sol desaparece e fico cheia de frio. Dos meus dedos frios discorrem palavras igualmente frias, sem emoção nem criatividade. Sou uma máquina de produção de conteúdos. De vez em quando o medo apodera-se de mim, o meu coração bate mais forte, raios e trovões brotam do meu peito, para logo me acalmar e ver que a porta está fechada. E que eu estou presa, nas masmorras das estupidez e do poder, sem nada poder fazer. Com uma máscara de ferro para que sejamos todos iguais, para que se perca a humanidade e as lágrimas não se vejam. De nada servem as conspirações e as queixas em surdina…
Nos corredores há sempre alguém que nos vê, aqui sentada os meus passos são seguidos minuciosamente através deste ecrã que mais parece uma janela para o inferno.
Hoje é sexta feira, não interessa se é 13 ou não, se chove lá fora ou não. Interessa que é lá fora que eu vou estar durante dois dias. Uma espécie de licença precária, que me recarrega para voltar à escuridão das masmorras onde vou definhando calmamente, sem nada fazer, a ver o tempo passar e a minha vida encolher…
13/01/2012
Aussie holidays #2
Acordámos cedinho. Estava ansiosa por me pôr a andar, literalmente. A minha maneira preferida de passar férias é em cidades grandes, de mapa na mão e sapatos confortáveis para ir a todo o lado a pé! Só vou nalgum transporte quando a caminhada é demasiado longa ou o companheiro de viagem não tem a mesma vontade que eu de caminhar como se não houvesse amanhã.
Pequeno-almoço tomado, assim que pomos o nariz fora do hotel, congelámos. Uma ventania gelada que nem parecia estarmos em pleno Verão! Mas nada nos demoveria. Lá fomos até à paragem do eléctrico. Eu queria ir a pé, mas como disse um companheiro sem vontade e o frio lá me convenceram que o eléctrico talvez fosse a melhor opção.
Da paragem do eléctrico conseguíamos ver no horizonte o Eureka Building. Desde que decidimos ir a Melbourne que não pensávamos noutra coisa. É só o edifício mais alto do hemisfério Sul, e tem lá em cima, no 88º andar, a 350 metros do chão, um deck “destacável” todo em vidro. Destacável isto é, entramos lá dentro, o deck sai para fora do edifício e nós ficamos lá dentro com todas as paredes (menos uma) e o chão completamente transparentes. A 350 metros do chão, como disse. Olhámos lá para cima a tentar perceber onde raio estaria o deck! Não conseguimos perceber…
Chega o eléctrico e lá fomos nós rumo ao Queen Victoria Market. Eu adoro mercados…sempre que há um nos roteiros turísticos é certinho que eu estarei por lá. Este é famoso porque foi o primeiro da cidade, funciona desde 1878 e além das tradicionais banquinhas com produtos hortícolas, tem uma parte de recreio e um maravilhoso deli onde podemos tomar um café, comer um bolo ou uma “meat pie” ou simplesmente deliciarmo-nos com a paisagem citadina que nos rodeia. Melbourne tem muito boa arquitectura. Mesmo! É uma cidade bonita, linda!
Lá fiquei eu a apalpar as beringelas, a comer as cerejas e os cajus. Teria trazido metade do mercado atrás se vivesse nas redondezas. Tinha tudo um ar tão bom, tão saudável e tão barato comparando com Sydney que fiquei de coração partido por me ter ficado pelas cerejas…
Seguimos para o outro lado da cidade, para o Eureka Building que está do outro lado do rio que a divide, o yarra yarra, que significa flow, flow em linguagem indígena.
Não pudemos deixar de reparar, enquanto íamos para lá, no fantástico aproveitamento que a cidade fez das margens do rio. Tem ciclovias, passeios largos onde várias pessoas fazem jogging ou simplesmente se apressam para o emprego, bares, esplanadas...até no rio, agarrado a um pilar de uma das pontes há uma esplanada. Excelente!
Ficámos ali um bocadinho. Não sei se a ganhar coragem para entrar se a apreciar a urbe, sei que acabámos por desistir de contemplações urbanísticas dada a ventania e o frio que estava.
Chegados ao 88º andar, que o elevador faz em escassos segundos (até se sentem os ouvidos a fechar), ficámos maravilhados com a vista. Dá para ver a cidade toda e lá dentro há uma espécie de binóculos posicionados para vermos determinados pontos turísticos. Lá andámos a ver tudo, a fotografar…e depois decidimos: vamos à Edge Experience, o tal deck de vidro.
Protectores de sapatos colocados, malas e máquinas fotográficas à porta, entrámos com mais dois casais. O deck começou a sair lentamente. O vidro opaco. Tudo tranquilo. De repente pára. Ouve-se um barulho, um som semelhante ao que fazem as portas de inox deslizantes nos elevadores internos. Olho em frente. Vejo prédios. Ai cum caraças, já estamos cá fora! Vê-se Tudo!
Há sons de descargas eléctricas. Olho para o chão…camander ainda há pouco estava ali em baixo a contemplar o rio! Sinto-me enjoada. Há sons de portas a chiar. Olho em frente. Não consigo largar o corrimão. É como se fosse cair a qualquer momento cá para baixo. Ele está maluco! Maravilhado! O sorriso estampado na cara, anda pelo quadrado a caminhar como se nada fosse, e eu agarrada ao corrimão. Sempre tive problemas com alturas, não sei porque me meto nestas merdas. E estes barulhos! Já paravam com a brincadeira! Ele lá me diz, “ olha, olha! Olha lá pra baixo! É muita fixe!”. E eu respondo que é melhor não, que me deixe respirar fundo mais meia dúzia de vezes. Olho em frente. Estou a habituar a mente às circunstâncias, a convencer-me que estou num quadrado de vidro perfeitamente seguro e que nenhum terramoto vai acontecer. Derradeira respiração, mais funda que as outras, olho para o chão. Fico a olhar. Largo o corrimão e percorro o curto espaço. Que espectáculo! Que pena que não deixam trazer a máquina fotográfica! Ah ok, já sei, é para pagarmos 15 dólares pela foto que nos tiram a nós… enfim, que se lixe… não vou perder esta foto. Sorrimos. As férias vão ser espectaculares!
The Edge Experience
11/01/2012
Aussie holidays #1
A viagem começou mal. Acordámos cedíssimo para ir para o aeroporto. Tinhamos voo para Melbourne cerca das 9am pela Tiger Airways. A chuva não tinha parado a noite toda e continuou pela manhã fora. É difícil andarmos de um lado para o outro com as chuvas de Sydney a cair e sem um carro que nos proteja.
A moral estava elevada. Estavamos ambos ansiosos pelas férias, ambos ansiosos por nos encantarmos ainda mais com este país e, sobretudo, ambos ansiosos por estarmos juntos, sem escola, sem trabalho, sem nada que nos distraísse um do outro. Resolvemos, por isso, rir da chuvada, ignorar o cabelo encaracolado, que tinha acabado de ser esticado a ferros, e seguir.
No check-in, não correu melhor. Um erro na marcação da viagem (que ainda não sabemos se foi nosso, da e-dreams ou da linha aerea) obrigou-nos a desembolsar cerca de 200 dólares com que não contávamos só para podermos levar as malas...imprescindíveis para os dias que iamos passar acampados nas imediações da Great Ocean Road. Com moral um bocadinho abalada, nada melhor do que consolar o estômago enquanto eu furiosa escrevo uma reclamação, e ele me garante que não foi por culpa dele.
Seguimos para a porta de embarque e ninguém aparece. Confirmamos os ecrãs, estamos no sítio certo. Mais 15 minutos. Nada. Desconfiámos. Por fim lá nos aparece um teenager, também passageiro, que nos disse que tinham mudado a porta de embarque. "Hummmm...", regojizo-me, "mais uma para acrescentar à reclamação!"
Fomos depois obrigados a embarcar por fora do avião, porque estavamos nos lugares traseiros. Fiquei encharcada com a chuva. Entro em acesa discussão com o comissário de bordo que foi uma besta. "ahhhhhh....mais uma para a reclamação! Até vão andar de lado!"
Sento-me, a tremer. Estou cheia de frio, apetece-me partir a tromba do comissário de bordo, o avião está uma hora atrasado num voo que demora hora e meia ou menos. Furiosa, começo a ter maus pressentimentos sobre as férias. Infundados, felizmente.
Chegados a Melbourne, felizmente via-se o sol, apesar de estar fresquinho. "Ora porra! não trouxe roupa para frio, catano!". Tudo muito simples. Um autocarro directo para o hotel, no centro da cidade, uma subway mesmo à porta para almoçarmos e vamos pôr-nos a caminho.
Percebi de imediato o porquê da rivalidade entre Sydney e Melbourne. Melbourne é cosmopolita. Tem os cafés, as esplanadas, os eléctricos antigos e as ruas largas cheias de luz. Sydney tem pouco disto, mas nada bate a beleza desta costa... que Melbourne bem queria mas não tem.
Ainda assim, fiquei com o coração dividido.
rapidamente descobrimos um eléctrico e um autocarro que fazem a volta à cidade à borlix. Olha que maravilha! Começámos pelo autocarro. Melbourne é uma espécie de capital da moda cá do burgo. É por uma isso uma cidade famosa pelos shoopings e outlets. Há aliás, uma tour turística pelos outlets. Eu bem que a quis fazer, mas o meu esposo não estava pelos ajustes. Fomos ao Harbour Town Shopping e já fui com sorte. Deu para conhecer a parte nova da cidade, uma espécie de expo mas mais próxima do centro da cidade e com uma marina mais apresentável. De seguida voltámos ao centro para descansar e conhecer as imediações do hotel. Bebemos um café, percorremos as ruas e voltámos ao hotel para fazer o plano dos próximos dias, já devidamente apetrechados com mapas e guias. O primeiro dia é sempre fraquinho. Mas a cidade prometia. E com razão...
A moral estava elevada. Estavamos ambos ansiosos pelas férias, ambos ansiosos por nos encantarmos ainda mais com este país e, sobretudo, ambos ansiosos por estarmos juntos, sem escola, sem trabalho, sem nada que nos distraísse um do outro. Resolvemos, por isso, rir da chuvada, ignorar o cabelo encaracolado, que tinha acabado de ser esticado a ferros, e seguir.
No check-in, não correu melhor. Um erro na marcação da viagem (que ainda não sabemos se foi nosso, da e-dreams ou da linha aerea) obrigou-nos a desembolsar cerca de 200 dólares com que não contávamos só para podermos levar as malas...imprescindíveis para os dias que iamos passar acampados nas imediações da Great Ocean Road. Com moral um bocadinho abalada, nada melhor do que consolar o estômago enquanto eu furiosa escrevo uma reclamação, e ele me garante que não foi por culpa dele.
Seguimos para a porta de embarque e ninguém aparece. Confirmamos os ecrãs, estamos no sítio certo. Mais 15 minutos. Nada. Desconfiámos. Por fim lá nos aparece um teenager, também passageiro, que nos disse que tinham mudado a porta de embarque. "Hummmm...", regojizo-me, "mais uma para acrescentar à reclamação!"
Fomos depois obrigados a embarcar por fora do avião, porque estavamos nos lugares traseiros. Fiquei encharcada com a chuva. Entro em acesa discussão com o comissário de bordo que foi uma besta. "ahhhhhh....mais uma para a reclamação! Até vão andar de lado!"
Sento-me, a tremer. Estou cheia de frio, apetece-me partir a tromba do comissário de bordo, o avião está uma hora atrasado num voo que demora hora e meia ou menos. Furiosa, começo a ter maus pressentimentos sobre as férias. Infundados, felizmente.
Chegados a Melbourne, felizmente via-se o sol, apesar de estar fresquinho. "Ora porra! não trouxe roupa para frio, catano!". Tudo muito simples. Um autocarro directo para o hotel, no centro da cidade, uma subway mesmo à porta para almoçarmos e vamos pôr-nos a caminho.
Percebi de imediato o porquê da rivalidade entre Sydney e Melbourne. Melbourne é cosmopolita. Tem os cafés, as esplanadas, os eléctricos antigos e as ruas largas cheias de luz. Sydney tem pouco disto, mas nada bate a beleza desta costa... que Melbourne bem queria mas não tem.
Ainda assim, fiquei com o coração dividido.
rapidamente descobrimos um eléctrico e um autocarro que fazem a volta à cidade à borlix. Olha que maravilha! Começámos pelo autocarro. Melbourne é uma espécie de capital da moda cá do burgo. É por uma isso uma cidade famosa pelos shoopings e outlets. Há aliás, uma tour turística pelos outlets. Eu bem que a quis fazer, mas o meu esposo não estava pelos ajustes. Fomos ao Harbour Town Shopping e já fui com sorte. Deu para conhecer a parte nova da cidade, uma espécie de expo mas mais próxima do centro da cidade e com uma marina mais apresentável. De seguida voltámos ao centro para descansar e conhecer as imediações do hotel. Bebemos um café, percorremos as ruas e voltámos ao hotel para fazer o plano dos próximos dias, já devidamente apetrechados com mapas e guias. O primeiro dia é sempre fraquinho. Mas a cidade prometia. E com razão...
09/01/2012
Carta aberta ao Senhor José
O senhor José acha que eu sou uma pessoa frustrada. De acordo com o dicionário da língua portuguesa frustrar significa privar a outrem do que espera com fundamento; iludir; inutilizar. O senhor José tem portanto toda a razão. É incrível como é que chega a esta conclusão através de meia dúzia de declarações numa entrevista, sem nunca me ter visto ou conhecido. Aplausos para si e para mim. A entrevista foi, portanto, bem sucedida porque conseguiu passar a mensagem. Eu sou uma pessoa frustrada, senhor José. Está coberto de razão.
Contudo, a minha frustração não vem dos 500 euros que ganho, conforme diz (e já agora aconselho-o vivamente a aprender a ler). A minha frustração vem de hoje ter ido largar o meu marido ao aeroporto e não saber quando o vou voltar a ver. Com sorte em Agosto. Já percebi que tem problemas a fazer contas: são oito meses.
A minha frustração vem de me ter visto sem saídas num país que é o meu e pelo qual sempre tentei fazer o melhor. A minha frustração vem de nunca ter visto as recompensas devidas pelos meus anos de trabalho, pelo investimento que fiz em mim. Mais do que isto, eu sou uma pessoa frustrada de cada vez que leio as notícias do meu país. Quando vejo reformas de 500 ou 600 euros a serem cortadas, quando vejo os reformados sem dinheiro nem para os medicamentos a terem de pagar taxas moderadoras exorbitantes e até consultas telefónicas, quando vejo jovens, como eu, sem emprego, sem esperança e sem a capacidade de lutar, sonhar ou concretizar seja o que for. E também quando vejo a trafulhice, a corrupção e a filha da putice que por aí vai.
Eu sou de facto uma pessoa frustrada, senhor José. Tem toda a razão. Mas não é pelos "500 euros" que ganho (a sério...era aprender a ler e a fazer contas). É porque daqui a 4 meses faço 33 anos e não posso pensar sequer em ter um filho, privando assim, também, o meu marido. A minha frustração, senhor José, não vem, nem nunca veio do dinheiro no fim do mês ou da quinzena. A minha frustração veio sempre da impossibilidade de progredir num país que amo mas que me mal trata, que me negou ajuda quando pedi e que me pede - a todos os jovens - para sair.
Todos os dias fico frustrada com os mails que recebo de pessoas tão frustradas como eu que não vêem outra saída senão a de abandonarem o país onde cresceram, criaram raízes, têm os amigos e a sua história.
Senhor José, eu sou uma pessoa muito frustrada quando penso que podia estar confortavelmente no meu país, a usufruir do meu apartamento e a acompanhar as vidas dos meus amigos, que estou a perder e que nunca mais vou recuperar.
Mas sabe, senhor José, o que me deixa ainda mais frustrada, mais do que achar que Portugal chegou ao nível mais merdoso da sua história - um dia gloriosa - é confirmar, que o meu país, está cheio de pessoas como você, e que é isso que torna o país ainda mais nojento.
Contudo, a minha frustração não vem dos 500 euros que ganho, conforme diz (e já agora aconselho-o vivamente a aprender a ler). A minha frustração vem de hoje ter ido largar o meu marido ao aeroporto e não saber quando o vou voltar a ver. Com sorte em Agosto. Já percebi que tem problemas a fazer contas: são oito meses.
A minha frustração vem de me ter visto sem saídas num país que é o meu e pelo qual sempre tentei fazer o melhor. A minha frustração vem de nunca ter visto as recompensas devidas pelos meus anos de trabalho, pelo investimento que fiz em mim. Mais do que isto, eu sou uma pessoa frustrada de cada vez que leio as notícias do meu país. Quando vejo reformas de 500 ou 600 euros a serem cortadas, quando vejo os reformados sem dinheiro nem para os medicamentos a terem de pagar taxas moderadoras exorbitantes e até consultas telefónicas, quando vejo jovens, como eu, sem emprego, sem esperança e sem a capacidade de lutar, sonhar ou concretizar seja o que for. E também quando vejo a trafulhice, a corrupção e a filha da putice que por aí vai.
Eu sou de facto uma pessoa frustrada, senhor José. Tem toda a razão. Mas não é pelos "500 euros" que ganho (a sério...era aprender a ler e a fazer contas). É porque daqui a 4 meses faço 33 anos e não posso pensar sequer em ter um filho, privando assim, também, o meu marido. A minha frustração, senhor José, não vem, nem nunca veio do dinheiro no fim do mês ou da quinzena. A minha frustração veio sempre da impossibilidade de progredir num país que amo mas que me mal trata, que me negou ajuda quando pedi e que me pede - a todos os jovens - para sair.
Todos os dias fico frustrada com os mails que recebo de pessoas tão frustradas como eu que não vêem outra saída senão a de abandonarem o país onde cresceram, criaram raízes, têm os amigos e a sua história.
Senhor José, eu sou uma pessoa muito frustrada quando penso que podia estar confortavelmente no meu país, a usufruir do meu apartamento e a acompanhar as vidas dos meus amigos, que estou a perder e que nunca mais vou recuperar.
Mas sabe, senhor José, o que me deixa ainda mais frustrada, mais do que achar que Portugal chegou ao nível mais merdoso da sua história - um dia gloriosa - é confirmar, que o meu país, está cheio de pessoas como você, e que é isso que torna o país ainda mais nojento.
08/01/2012
04/01/2012
E já Agora bom ano!
A sério que não me importo nada de responder a mails de pessoas que querem saber mais da Austrália, de como é viver aqui, trabalhar, estudar... A sério. Tira-me tempo precioso mas eu não me importo porque penso sempre que gostaria que me respondessem se fosse ao contrário. Mas era muito fofinho que essas pessoas me respondessem de volta com um "obrigadinha". Não custa nada e é o que as pessoas educadas fazem. Até agora das dezenas de mails a que já respondi conto pelos dedos de uma mão os que me deram feedback e acho um bocadinho triste. Era isto. Depois volto para contar da viagem e da passagem de ano e tudo e tudo!
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