Cartas


28/02/2011

Pernas de aço e karma

Já disse isto aqui uma vez: se não é desta que fico com pernas de aço, nunca mais será! Se vocês soubessem o que eu tenho de andar quando quero ir ao supermercado não iam acreditar. A sério, acho que é a única coisa que realmente me faz falta aqui - disse coisa e não pessoas ok? - é o carro para ir às compras. Ainda hoje fui experimentar outro Woolworths que me parecia mais perto do que o outro perto da faculdade e cheguei lá já cansada. E isto depois de já ter ido correr...  Depois imaginem acartar sacos de compras o caminho todo de volta outra vez. Até tremo quando penso que me falta alguma coisa que tenho de ir comprar... Entretanto devo dizer que já aprendi a fazer compras aqui. Já conheço os produtos, já sei os que devo comprar e os que são ridículos de tão caros. Hoje já trouxe montes de coisas por meros 35 euros.
Uma coisa que sinto falta aqui, mas que não há de todo, é peixe. Eu adoro peixe, estou habituada a comer com frequência e aqui só há aqueles lombinhos de salmão a 40 dólares o quilo. Salmão nem sequer é um peixe que eu goste muito... talvez um dia destes ganhe coragem e regresse a Petersham para comprar bacalhau. Talvez no Sábado vá lá ter com o André e quem sabe... se não custar 100 dólares o quilo!
Amanhã, quarta e quinta vou trabalhar às 7.30 da manhã portanto já sei que vou andar a semana toda partida. Mas tem de ser, 4f já recebo o first pay e confesso que estou ansiosa pelo meu primeiro "salário" australiano. Descobri ontem que tenho de comprar uma calculadora financeira pela módica quantia de 100 dólares, portanto parte desse pagamento já tem destino.
Hoje passei a tarde a estudar contabilidade. É um bocadinho confuso mas em comparação com finanças é para meninos! É só chato que a minha prof de contabilidade é chinesa e tem um inglês péssimo... tipo diz "iuniuersity" (university); veleuance (relevance); veliability( reliability); Enfim... isto já não é fácil e depois com profs a falar assim é de fugir.
Por acaso começa a acontecer-me falhas de palavras nas duas línguas. Acho que o meu cérebro está a meio do processo de adaptação à língua, então às vezes quero dizer coisas em inglês e não me lembro; E outras quero dizer em português ou escrever e só consigo pensar na palavra em inglês. É como digo, não tarda estou a falar à imigrante com frases como : "vou ali pick o juice na store"... Tenho tentado, quando vou a pensar para mim, pensar em inglês. Ajuda-me a construir as frases e a procurar as palavras que preciso com calma, o que durante uma conversa não é fácil porque a outra pessoa está à espera!
Falando em espera não vos passa pela cabeça o que me incomoda não conseguir resolver os tais exercícios de finanças ainda. É coisa que me atormenta o dia todo e a noite toda. Aliás, estou aqui a pensar que tenho de ir dormir, mas a minha vontade é ficar a tentar resolvê-los, nem que seja até de manhã! Mas não pode ser... amanhã trabalha-se, eu já não tenho 20 anos para fazer directas sem consequências e não posso dar cabo da semana logo no início.
Quanto às minhas housemates, a P. já percebeu que está em minoria aqui, e veio agora oferecer-me um chá para a tosse; eu e a Ane damo-nos cada vez melhor e temos imenso em comum e perdemos horas na conversa. Ah e claro! concordamos que isto não é casa que se apresente. Hoje já me fui queixar, amanhã vai ela. Parece que o pessoal aqui está habituado a viver com lagartos dentro de casa mas eu não! Nem formigas, nem insectos voadores gigantes não identificados! Aguardemos com serenidade para ver como vai ser o desenrolar desta queixa.
Para terminar apreciem bem a ironia (o que já me ri hoje com isto!). Todos sabem que odeio do fundinho do coração os meus vizinhos porque são barulhentos, fazem obras ao sábado etc... Pois os meus vizinhos do lado aqui começaram a renovar a casa na semana a seguir a me ter mudado e neste Sábado começaram as obras às 8h. A isto se chama Karma!
Beijinhos pequenada!

27/02/2011

Ai que estou lixada!

Pois... isto não está fácil. Estou enfiada na biblioteca desde que abriu a estudar finanças e mesmo assim quando passo para os exercícios não sei fazê-los. Quando leio o livro até percebo e tudo faz sentido... mas depois, fazer os exercícios que o prof deu já não sou capaz... Não estou a gostar nada disto... porque se é assim na primeira semana, nem quero pensar como vai ser o resto do semestre. 
A Ane veio comigo hoje para a biblioteca, está aqui ao meu lado a fazer os assignments dela, que também não são nada fáceis. O Master dela é em Policing, Intelligence and Counter Terrorism e pelo visto também é puxado. Aliás pelo que tenho percebido não há aqui nenhum master fácil... já na primeira semana há fila para entrar na biblioteca, mesmo ao Domingo, há pessoas cheias de trabalhos e exames. Eu começo os meus early semester exams já no mês que vem, e depois tenho os mid term e depois o final, que é em Junho. Portanto daqui até Junho tenho 3 exames vezes 4 cadeiras...ou seja 12 exames (epá isto de estudar finanças afinal resulta que já sei fazer contas) Mais os trabalhos individuais e os de grupo. Confesso que começo a ficar um bocadinho à rasca, sobretudo porque não estou a conseguir perceber os tais exercícios... 
Ontem lá fui trabalhar para o café da MGSM. Estava com a team leader Robynn e o resto da equipa estava a apostar que eu ia detestá-la e que não nos íamos dar bem porque supostamente ela é uma bitch... pois eu achei-a bastante simpática! Até me deixou levar os bolos que sobraram para casa, coisa que é proíbida e que ela não permite a ninguém... Sim de facto a moça tem um ar scary. É neo-zelandesa maori, ou seja mede o dobro de mim em altura e em largura... vai daí que impõe algum respeito, mas fartámo-nos de conversar e saí de lá sem nenhuma queixa, muito pelo contrário. Assim que cheguei a casa fui tratar de lavar roupa e ... estudar. Depois lá fui à minha corridinha eram quase 8 da noite, porque estava imenso calor. Sabiam que já corro meia hora seguidinha? ah pois é! Lá para finais de Abril ou início de Maio já estou a correr uma hora! Soube-me mesmo bem e quando regressei a casa fui... estudar. Aproveitei que nenhuma das duas housemates estava em casa. Quando a Ane chegou ficámos na conversa até depois da uma e pronto, adeus estudo. Mas deu para espairecer. 
Esta viagem não tem só a ver com mudança de vida ou de país, não é apenas umas questão geográfica ou de mudança de hábitos ou de adaptação a novas realidades. É também uma viagem por dentro de mim mesma. Tenho vindo a perceber que posso fazer coisas que nunca pensei fazer ou que nunca pensei ser capaz de fazer; que é possível viver sem os meus 20 pares de sapatos (mas difícil...muito difícil); que afinal sou uma rapariga muito mais sporty do que pensava, já que me vejo obrigada a andar de ténis todos os dias e de mochila às costas e nem me sinto assim tão mal (mas tenho muitas saudades dos meus saltos...); que sou mais determinada ainda do que pensava e que quando tenho uma coisa na cabeça não há cansaço que me vença; que as dificuldades são uma espécie de incentivo; e que odeio dividir o meu espaço. Aliás é o que mais me custa nesta jornada: dividir a minha casa e ter de mamar com as porcalheiras dos outros. Acreditam que noutro dia a P. chegou do trabalho, foi à cozinha buscar qualquer coisa para comer e quando se sentou no sofá pôs os pés, dentro dos ténis que tinham vindo da rua, em cima da mesa que nós usamos para comer? É ou não é badalhoca? hum? Bem sei, e esta é outra das coisas que cada vez mais me apercebo, que sou pouco tolerante, mas acho que neste caso não há grandes margens para dúvidas. 
Outro exemplo não de porcaria mas de falta de educação desta latina: pediu-me um lápis emprestado. Tem a mania que sabe pintar e então precisava de um lápis para desenhar na tela. Eu emprestei um novinho em folha! Ela usou e depois deixou em cima da minha secretária no meu quarto....com o bico partido. Até hoje nem abriu a boca sobre o assunto. Quem é que vai ter de ir comprar um afia? hum? pois é... eu... 
Falando em porcarias ontem foi o dia em que decidi que vou apresentar mega queixa nos accomodation services. Comprei um super pacote de bolachas que me custou a módica quantia de 4 dólares ( by the way é engraçado que a  Ane, norueguesa relembro, acha tudo aqui caríssimo. Portanto imaginem esta tuga o que acha.... ). Enfiei-o no armário depois de comer umas poucas. Ontem de manhã o pacote tinha sido invadido por formigas, dentro do armário, foi todo para o lixo. Coincidência ou não dividia esse armário com a P. Agora passei a dividir com a Ane. De qualquer forma acho que viver numa casa, onde pago 150 dólares por semana, com formigas, lagartos, insectos voadores gigantes e uma alcatifa que deve ter mais bactérias do que os dentes de um sem-abrigo não me parece aceitável. A fúria tuga está em marcha e 2f vão levar comigo e em grande! Quem se mete com as minhas bolachas tem os dias contados! 
E pronto... já estamos na hora de almoço e eu almocei aqui mesmo sentada enquanto estudo. Já consigo antecipar as soluções de alguns problemas que o livro apresenta como exemplos, mas acho que ainda não sou capaz de resolver os exercícios da próxima aula. Vou cá ficar até fechar... se alguém me quiser dar umas luzes de interest rates, compounding, discount, future value, annuity, perpetuity, present value internal rate of return e por aí fora sinta-se à vontade! Materiais em português também ajudavam... uma grandes beijinhos e votos de um bom domingo para vocês. 



25/02/2011

Um dia de estudo e um indiano marado

Meus meninos e minhas meninas, isto hoje é que foi estudar. De manhãzinha fui à aulinha de Macroeconomia e devo dizer que gostei muito. Enfim, não foram matérias novas mas o professor era um fixolas ainda nos rimos um bom bocado à conta dele.
Encontrei lá o meu conhecido Abhi, que descobri que veio da Índia. Está cá a viver com os tios, emigrantes há uns 15 anos, e decidiu vir para cá à procura de um futuro melhor e quem sabe ficar por cá. O Abhishek, o nome completo, é um porreiraço. Bom… usa anéis com pérolas e usa tipo uns 3 anéis por mão, o que é nojento, mas é um fixolas.  Quando cheguei à aula veio logo sentar-se ao meu lado. Conversámos imenso. Encontrei uma pessoa aqui que entende na perfeição o meu retorcido sentido de humor. Muito se ria aquele rapaz! Porém… quando veio à conversa que sou casada, a coisa mudou. Parece que criou ali uma distância. Bom continua a ser simpático comigo, mas claramente montou uma barreira. Deve ser uma cena cultural… ele diz que na Índia ainda é comum haver casamentos entre pessoas que só se conhecem nesse mesmo dia. Ainda lhe perguntei se ele estava noivo de alguma desconhecida, mas ele disse que não. O Abhi tem só 21 anos, mas parece mais velho que eu, é grande, pachorrento, sorridente e simpático. Mas lá na cultura dele não deve ser muito normal mulheres casadas falarem com outros homens…
Depois de deixar a aula de Macro e de deixar o Abhi, fui almoçar no Courtyard. Li a revistinha da faculdade, apanhei solinho e depois lá me fui enfiar na biblioteca. Estive lá da uma até às 4 e meia a estudar finanças…e não acabei. Bolas, são três capítulos e eu para mudar de página tenho mesmo de perceber a página anterior senão nada feito.
A biblioteca é brutal! Eu nunca estive numa biblioteca que funcione tão bem, que tenha tantos recursos, que esteja tão bem organizada. É gigante, tem imensos computadores, podemos procurar todos os títulos online, podemos imprimir e fotocopiar nos vários pisos (creio que são 4 ou 5) e depois… o espaço… há salas de conversa, salas de estudo, salas de estudo especiais para quem está em mestrados como eu com mesas com tomadas para ligar os computadores, wireless no campus todo… um mundo todo de informação para explorar e para nos ajudar a estudar. Amanhã depois do trabalho lá irei de novo e Domingo acho que me vou enfiar lá de novo. Aquela cadeira de finanças não me vai vencer!
Entretanto lá fui para a aula de Marketing. Mais um prof bacano! Conheci o Nelson, da Colômbia e o Chris, não sei bem de onde mas que é igualzinho àquele gajo dos ídolos que ganhou, o Filipe… aquela estória de termos um sósia noutra parte do mundo deve ser mesmo verdade porque este Chris era igual. Entretanto o Abhi lá deve ter estado à tarde a pensar que se veio para este país tem de ter uma mente mais aberta e lá esperou por mim no final da aula para conversarmos um bocadinho.
Cheguei a casa e ainda não parei de falar com a Ane (afinal é Ane e não Ana). Esta miúda tem tanto em comum comigo. Gosta de estar enrolada na mantinha a ver TV, gosta de deitar cedo e acordar cedo , é calminha e tem 29 anos. Temos mesmo muito em comum. Ainda bem que ela veio. Desde que cá está a outra anda mais comportadinha… pelo menos já não deixa sapatos espalhados pela sala.
E bom piquenos, hoje o report saiu atrasado porque estive aqui na conversa com a Ane! Tenho de ir deitar que amanhã quero ir correr antes de ir trabalhar às 10h. Beijooooosssss

24/02/2011

Sydney News!

Pronto hoje já tenho mais pormenores sobre estes últimos dois dias. Como já sabem comecei a trabalhar ontem. Basicamente faço parte de uma equipa de apoio à MGSM que trabalha não só nos eventos pontuais, como no café, como no restaurante. Ontem havia uma cerimónia para um sr importante da faculdade e eu andava a circular pela sala com bandejas de canapés. Hoje estive no café da escola onde se servem pequenos-almoços de manhã e almoços ligeiros entre as 12h e as 14h. Bom o que eles chamam de almoços ligeiros nós chamamos almoços. Ponto. Mas para eles bifes, frango com cogumelos, filetes, arroz e puré de batata, entre outros, são almoços…ligeiros. Aprendi a fazer café, que aqui é bem diferente. Ninguém, ou quase ninguém, bebe o café que é habitual aí. Que by the way se chama black shot. Aqui saem os lattes, cappucinos, flat whites e mocha; e depois, sem café, os chai e os hot chocolats. Hoje fiz isto tudo! Aprendi a fazer todos, e o Mitch, responsável pelo turno diz que nunca viu ninguém sair-se tão bem no primeiro dia. Não sei se estava só a ser simpático mas houve um sr. que, sabendo que era o meu primeiro dia, depois de lhe fazer um cappuccino, voltou atrás para me dizer que estava excelente! J Pronto, descobri a minha verdadeira vocação! Depois servi almoços mas foi calminho. O que realmente me chocou foi que no final do período de almoços a comida foi toda fora. Eu diria uns 7 tabuleiros de comida no caixote do lixo. Perguntei porquê como é óbvio. O que o Mitch explicou é que o staff não tem autorização para levar a comida, nem sequer para comer “de borla” à hora de almoço. Então a ordem é deitar fora. E ao jantar vai ser a mesma coisa. O Mitch deixou-me almoçar lá e até disse que eu podia trazer uma caixa ou duas de comida. Mas se for a Leanne ou a Robyn nem pensar em comer lá ou trazer comida. E o leite que eu estraguei a treinar os lattes e os caps e etc? Fazia um não estava bem, cano abaixo. Fazia outro, não estava bem, cano abaixo. Cada um custa 3.50 dólares. Se for apanhada por um big boss a beber um levo picada; deitar fora para treinar, no worries. Achei isto realmente estranho. Na hora de almoço estava com a Jay Jay e com a Steph e é impressionante perceber que independentemente do país onde estamos é sempre igual: falar mal dos chefes! Inacreditável! Qe a Robyn e a Leanne são lovers, que o Issy é um incompetente mas que tem a mania que é bom, que o Ray é totó, que a Leanne parece querida mas é uma bitch. O que me vale é que, em locais de trabalho, já passei por tanta coisa, já vi tanta coisa, já me fizeram tanto mal que não só não me assusto facilmente como não emprenho pelos ouvidos. Gosto de tirar as minhas próprias conclusões. Até porque a Jay Jay e a Steph, parecem-me fofinhas, mas são aquelas pessoas que não têm mais perspectivas de futuro senão trabalhar ali…  É por isto que gosto mais de trabalhar com homens. Nem o Jess, nem o Mitch abriram a boca para falar mal fosse de quem fosse.
Entretanto à tarde, e com as minhas pernas mais mortes que vivas (passei quase 7 horas de pé) lá fui eu a Lane Cove falar com a sra. Irene. Ela gosta mesmo de mim… diz que quer mesmo que trabalhe com ela e vai mandar-me um mail com uma proposta de trabalho a partir de casa a ver se chegamos a acordo. Eu gosto da sra, não consigo dizer-lhe um Não taxativo, portanto aguardemos. Anyway disse-me que mesmo que não trabalhemos juntas podemos sempre ser amigas J
De volta a casa a minha nova housemate não está, mas a P. já me disse que ela tem 29 anos (parece uns 24 no máximo…) e que vai casar em Abril com um gajo mexicano, no México, fica lá duas semanas e depois regressa aqui. A P. quer organizar-lhe uma despedida de solteira… bom eu comprometo-me a estar presente, mais de resto não me chateiem com organizações de festas. Queria sair um bocadinho no fim de semana, mas trabalho sábado, e no Domingo tenho uns 300 milhões de trabalhos de casa para resolver. Olhei para os de Finanças - ainda não estou a tremer porque ainda não li bem os capítulos – e foi como se estivesse a ler mandarim. Mas tudo bem… eu sou uma moçoila esperta (agora é que vamos tirar a teima…) e hei-de ser pró nesta merda! Repito vezes sem conta durante o dia uma frase de uma música que faz imenso sentido: “ Success is my only fucking option, failure is not!”
Pois e por hoje é isto. Aqui fica uma foto do meu uniforme. Estou com um ar um bocadinho cansado, mas é normal porque foi ontem à noite depois do trabalho.
Beijoooosssss


23/02/2011

1st day working, new housemate!

Bem pessoal isto hoje foi um dia cheiinho de novidades!
Estava eu tranquilamente a almoçar no sofá e a fazer tempo para ir trabalhar às 2 quando vêm duas moçoilas abrir a porta. Fui lá e uma delas é a nossa nova housemate! Chama-se Ana, é norueguesa e está a estudar Quiropatia. Vai ficar na Austrália 5 anos. A outra era só uma amiga que a veio ajudar. Gostei da moça, pelo menos para já. Foi engraçado ver que assim que ela chegou a P. foi logo a correr arrumar a roupa que estava na máquina de secar há um dia e tirar os ténis do meio da sala que estavam lá desde a noite anterior. Parece-me que esta miúda, à boa maneira nórdica, é organizada e pode ser que venha pôr aqui algumas regras… aguardemos com serenidade. Ficou no outro quarto que estava vazio, portanto continuo com um quarto só para mim, o que é bom!
Entretanto lá fui eu para o meu primeiro dia de trabalho. Não fazia ideia que iria trabalhar até às nove e meia da noite… mas foi bom porque ganhei cerca de 140 dólares só em 7h de trabalho. Amanhã trabalharei novamente 7 horas mas vou começar bem cedo. Hoje estive a servir um cocktail, foi engraçado. No fim jantámos todos a comida que não foi servida, que fora preparada pelo Chef sul africano. Um tipo simpático embora à primeira vista tenha um ar completamente assustador! A equipa é agradável, os Team Leaders também me parecem cool. Estou toda partida mas estou contente. Acho que com os km que ando por dia será desta que fico com pernas de aço! Em breve porei aqui uma foto com o meu uniforme, que é fofinho J Agora estou demasiado cansada quero mesmo ir dormir.
Amanhã depois de sair da MGSM (o meu local de trabalho Macquarie Graduate School of Management) vou falar com a sra Irene… está-me a custar horrores recusar este trabalho mas terá de ser. Não posso ter dois trabalhos ainda por cima a loja é a quase uma hora de distância e eu tenho de estar disponível para os turnos que houver na MGSM, por isso não me posso comprometer com horas. E claro, não me posso esquecer que o meu propósito aqui é estudar. Por isso acho que tive imensa sorte em conseguir um trabalho numa instituição que pertence ao governo com todos os papéis legais, tudo direitinho como eu gosto… não quero desperdiçar a oportunidade. E bom meu pequeninos/as  do coração vou descansar estas pernocas porque amanhã às 6.30 lá estarei acordada de novo. Beijoooooossssss

22/02/2011

Último dia de boa vida

E por aqui a notícia do dia é o terramoto na Nova Zelândia, na cidade de Christchurch. Todas as televisões têm estado a tarde toda em emissão especial. O primeiro ministro neo-zelandês confirmou 65 mortes mas o número ainda vai subir. O terramoto ocorreu à hora de almoço e atingiu com mais força o centro da cidade. Há, por isso, cerca de 200 pessoas encurraladas – ou já mortas -  no centro comercial que ruiu e também nos edifícios de escritórios. Também ruiu a catedral, um edifício de pedra bastante antigo., e dois autocarros foram esmagados por dois edifícios que ruíram. Durante horas as comunicações estiveram cortadas, incluindo a linha de emergência e neste momento o problema é a falta de ambulâncias. As pessoas que têm carrinhas e pick-ups estão a ajudar e também um grupo de médicos australianos – que se encontrava no local para uma conferência – está no local a prestar apoio. Já tinha ocorrido um terramoto na mesma cidade no passado dia 4 de Setembro,  de 7.1 na escala de Richter, mas este foi mais destrutivo, apesar de ser só de 6.3. Pelo que pude perceber isso está relacionado com a profundidade a que o terramoto ocorreu, que desta vez foi apenas a 5km. As palavras que mais se ouvem são tragédia, caos, angústia, morte…as imagens são impressionantes. Os repórteres entram no ar em directo a dizerem que os seus familiares estão bem, ou a dizerem que ainda não os conseguiram contactar. Durante um directo aconteceu uma sequela, e esperam-me mais nas próximas horas. O CBD está a ser evacuado… já houve quem fizesse comparações ao 11 de Setembro! Neste momento um repórter entrou no ar visivelmente emocionado por já ter a filha sã e salva ao seu lado e está agora a entrevistá-la.
Quanto a mim tenho estado a assistir à coisa pelos vários canais enquanto tento procurar os meus livros na net ou para download ou em segunda mão, porque cada um custa cerca de 150 dólares. Mas não estou a ser bem sucedida… não sei como vou fazer isto.
Hoje já fui comprar uns dossiers e uns cadernos. É curioso que aqui não há blocos de folhas furadas como estamos habituados a ver em Portugal. Portanto comprei uns cadernos com furos para depois pôr nos dossiers. Ainda não sei como vou levá-los de volta comigo… isto vai ser muito material… se tudo correr bem não será preciso, e se for tenho ano e meio para me preocupar com isso.
Entretanto fui comprar umas calças pretas para usar no meu novo trabalho e devo dizer que comprar roupa para mim aqui não é fácil. O tamanho mais pequeno que há é o 8. Não sei qual a equivalência para os tamanhos europeus, mas sei que o 8 me cai pelas pernas abaixo. Quando pergunto se há o 6, a resposta é: Oh no! That brand doesn’t makes 6 sizes! Ok tudo bem… lá encontrei umas, o dobro do preço, mas que me servem mais ou menos. Agora só tenho de ir comprar linhas e agulhas para fazer uma bainha. Mas esqueci-me que a esta hora já deve estar tudo fechado… e também estou tão longe de tudo que me dá uma preguiça monstra de sair de casa.
Portanto como vêem aqui também há dias calmos. Hoje quis descansar porque começo a trabalhar amanhã, a parte do training. Esperemos que corra bem, confesso que estou um bocadinho ansiosa/nervosa. Amanhã terei mais novidades para contar.
Ah! Quero só actualizar a situação do pano de cozinha no chão da casa de banho. Entretanto já não está no chão da casa de banho…estava na bancada da cozinha, e entretanto não passou pela máquina de lavar. Até eu me fartar desta javardeira e pôr a merda do pano na máquina.
That’s all folks! Beijinhos!

21/02/2011

Living the australian dream

“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”. (Eduardo Galeano)

Recebi hoje no meu mail esta frase e pareceu-me muito bem. Hoje é um dia feliz. Já perceberam que arranjei emprego não é? Até dois! Mas pelo que vi hoje na primeira aula vou ficar quietinha e ficar só com um. Vou optar pelo legal. Com contrato de um ano. Eu sou assim… fico mais descansadinha com os impostos todos em dia, o pagamento a tempo e horas e com tudo o que tenho direito e com tudo definidinho. Que hei-de fazer, o gene da honestidade não me larga… Além de uma mulher de objectivos sou uma mulher de regras, muito by the book. Sim já sei que sou uma seca mas não me importo nada.
Mesmo assim não sei se consigo deixar a sra. Irene pendurada… ela é querida e gostou de mim, e eu dela… enfim a ver vamos no decorrer desta semana como vai ser. É que só tenho aulas duas vezes por semana, mas cada cadeira por aula dá 3 a 4 capítulos, mais os trabalhos de grupo…e tenho 4 cadeiras por semana. E são temas como finanças e contabilidade e economia… portanto, preciso de me concentrar e estudar. Que foi o que vim cá fazer.
Já percebi que muitos dos estudantes que cá estão querem é curtir e o curso fica para ultimo plano, mas eu não posso alinhar nisso. Aliás, nem quero. É nestas alturas que percebo que já não tenho 20 anos. Tenho 31 e gosto, e já fiz tudo o que queria e devia fazer nos 20. Não me apetece repetir.
Já imprimi hoje centenas de folhas para as próximas aulas. Está tudo disponível online e eles partem do princípio que antes das aulas lemos a apresentação. Já anotei também os call numbers dos livros para os procurar na biblioteca e fotocopiar o que posso… é que a 150 dólares o livro não é fácil. O meu amigo C. Está a ver se mos arranja online, e isso era ouro sobre azul! Aguardemos com serenidade. Eu sou péssima nestas cenas dos downloads… mesmo… A minha aula de hoje de Principles of Accounting foi intensa. A minha professora é uma chinesa pequenina e cheia de energia que já nos marcou trabalhos de grupo. O meu será apresentado só na Week 10 e o meu grupo é a Candice (chinesa); o Raymond (Indonésio ou Malaio) e o Abhi (não sei de onde mais fixolas).
Entretanto aqui já se faz tarde. A Paulina inscreveu-se no ginásio. Chegou aqui a dizer que fez uma hora de piscina, mais meia hora de não sei o quê e agora está desalmadamente a comer ovos e iogurtes e tudo o que lhe aparece. É giro que ela não bebe vinho que não seja vegetariano (WTF?!?!), não bebe leite, nem come carne mas depois come ovos e iogurtes… tudo bem… para mim o que me importa é que o único pano de cozinha que temos continua no chão da casa de banho. E eu não o vou apanhar…
Para vocês que me lêem que torceram e torcem por mim, e também para quem não torce que não sou pessoa de rancores, uma grande beijoca deste lado do mundo. Have a nice day, I’ll have a nice night ;)

Duas boas notícias

Oh cum camander! Isto de facto não há fome que não dê em fartura! Então não é que no mesmo dia sou aceite no emprego na faculdade e no emprego na loja?!?!E agora?! Bem decidi ser honesta com a sra. Irene que é uma fofa e me disse que ficou muito impressionada como meu plano de marketing (que até está muito bem esgalhado modéstia à parte) e disse-lhe que ia trabalhar na faculdade mas que podíamos arranjar uma forma de eu a ajudar a pôr o plano em prática. Quem sabe… se ela quiser pagar-me under the table, que aqui se diz cash in hand, posso fazer as 20h na Macquarie Graduate School of Management e mais umas quantas na loja, que me iam dar um grande gozo. Vai daí ainda não assinei contrato na faculdade, mas isso deverá acontecer na 4f, e ainda não acordei os detalhes com a Sra. Irene… mas esperemos que não me escapem os dois pássaros da mão e no fim da semana já tenha tudo ok. Fogo estou mesmo contente! E a esta hora não posso ligar a ninguém em Portugal e contar! Bolas!
Bom entretanto ontem à noite não fiz nenhuma actualização porque fui a um churrasco em Manly na casa do Lourenço e do Tó com mais três brasileiros, a Raquel, a Taísi e o Maurício. Tudo pessoal do melhor. Do mais prestável e agradável que pode haver. Muito bom mesmo! O problema é que eu vivo tão longe que demorei duas horas a chegar a Manly, via Chatswood e a regressar… 3 horas…ah pois é!  
O Maurício, que tem carro, levou-me de Narebee até uma paragem de autocarro onde poderia apanhar um que me levasse à cidade a uma estação de comboio, Wyniard. O problema é que neste fim de semana estiveram a fazer melhorias nas linhas e essa estação estava fechada… Bolas.. tive de apanhar outro autocarro até à estação Central. Depois aí um comboio para Epping que demorou meia hora a partir e mais meia a chegar, e depois em Epping um outro comboio para a Macquarie University… Cheguei a essa estação já às 11h da noite, tinha saído de Narebee às 8h30. Depois vim a pé para casa… devo dizer que não se sente perigo mas mesmo assim vir pelo meio da floresta, à noite, sozinha não é muito confortável… ainda são uns 30 minutinhos a pé. Mas correu tudo bem… só que quando cheguei a casa já estava meia morta e fui logo dormir. Tinha de acordar cedo para ver os meus papás na webcam e falar com eles J Acho que ficaram mais descansados... eles acham que eu não como decentemente só porque me queixo do preço da carne. Já perceberam que não estou desnutrida portanto isso é bom. Entretanto depois da corrida deu-me uma moleza incrível e estive a dormir um bocadinho no sofá, a preparar-me para as aulas e à espera que a máquina acabasse de lavar e de secar. Por acaso acho que dei cabo da roupa… como a mangueira da torneira da água fria está rota só podemos lavar com água quente, tenho cá pra mim que diminuiu um tamanho a tudo o que pus lá dentro, mas aguardemos com serenidade. Quando for a vestir logo vou perceber.
Agora estou em contagem decrescente para o início das aulas, que vai ser dentro de pouco menos de 3 horas e conhecer os meus coleguinhas de turma. Tenho também de ir comprar umas calças pretas para usar na faculdade para trabalhar, mas queria ver se encontrava umas baratinhas…
A minha housemate continua desleixada. Levou o único pano de cozinha que temos para a casa de banho e lá o deixou espalhado no meio do chão. Como é óbvio eu nem lhe vou tocar. Limito-me a respirar fundo e a pensar que em Junho me posso mudar. Espero é que não seja para pior, sim porque há sempre pior.
Mais logo quando vier das aulas já vos conto como foi. Acho que vou ter Principles of Accounting, 3 horinhas para começar bem! Beijinhos pequenada! 

19/02/2011

Mergulhinho bom!!

Hoje é o meu segundo Sábado aqui e devo dizer que este foi muito melhor que o anterior. Estava outra vez com aquela inércia de não me apetecer sair sozinha mas lá me consegui contrariar e depois de almoço peguei em mim e na máquina fotográfica e lá fui eu tentar encontrar uma praia mais perto que a de Manly.
A jornada começou logo bem quando percebi que entre as 12pm e as 3.29pm o autocarro que passa aqui à porta não está de serviço. Com um calor irrespirável lá fui eu a pé tentando aproveitar o  melhor que podia as sombras disponíveis. Chegada ali à esquina da Talavera Rd com a Culloden Rd vi um casal de velhotes fofinhos que estavam a jardinar. Perguntei-lhes onde era a praia mais perto e eles disseram que qualquer uma era longe… porém podia, apanhando três autocarros, ir a uma praia livre de surfistas: Balmoral Beach no Mosman County. Com as indicações do senhor lá fui eu. Decidi não esperar pelo autocarro, porque o sol estava muito forte na paragem. Então lá fui eu a pé até ao Macquarie Centre. Cheguei lá completamente encharcada e cansada e a pensar se seria boa ideia… Mas estava decidida a não ficar em casa mais um Sábado. Lá apanhei o 545 até Chatswood e fiquei maravilhada por perceber que não muito longe daqui, pelo menos mais perto que o CBD (Central Business District) há uma zona urbana com centros comerciais, bancos, lojas! Que maravilha!
Uma vez em Chatswood lá fui à procura do autocarro que me levaria a Balmoral Beach. Não demorou muito até aparecer o 257 que me foi deixar mesmo junto à praia… 35 minutos depois. Com quase duas horas de viagem em cima tudo o que eu queria era entrar dentro de água e assim foi. O meu primeiro mergulho em terras australianas foi hoje e soube tããããoooo bem! A água não é fria mas podia ser mais quente…mas também eu sou aquela pessoa que tem sempre frio em qualquer água em qualquer parte do mundo, por isso acredito que se um de vocês experimentasse diria que a água era quentinha.
Como cheguei à praia quase às 5 da tarde já não apanhei muito bom tempo… estava vento, por isso decidi ir dar uma voltinha pela praia depois de secar.  A praia é de facto muito boa onda e é frequentada por gajas sozinhas e velhos, nada de surfistas! Estava um casal de noivos a tirar umas fotos junto à ponte que divide as duas partes da praia e uma série de famílias na área de lazer anexa, um relvado imenso com mesas, bancos, bebedouros, balneários… enfim tudo o que possam imaginar que tornaria uma área de lazer agradável…estava lá. Tirei umas fotos e vim embora decidida a parar no Coles em Chatswood para fazer umas compras. O Coles é outro supermercado muito mais barato que o Woolworths onde costumo ir porque é mesmo aqui ao pé. Queria comprar lá a varinha mágica para fazer a minha sopa. Tinha lá visto uma por 12 dólares e acho que mais barato que isso não irei encontrar.
Lá fui eu até ao centro comercial que… a um sábado pelas 6 da tarde tinha todas as lojas fechadas à excepção do supermercado e de um ou dois cafés. Pois é, aqui é assim. Como já disse não há cá lojas abertas até à meia-noite.
Comecei a procurar os vegetais para a sopa e percebi que um quilo de courgettes custa a módica quantia de 6.49 dólares… comecei logo a pensar com que raio de legumes ia eu fazer a sopa… lá encontrei uns nabos, umas cenouras e um pedaço de abóbora mais acessíveis. De resto também já estava tudo muito escolhido. Queria comprar peixe mas aqui não há peixe… nem congelado. O que se encontra é uns filetes manhosos e uns pedaços de salmão, de resto esqueçam… isto não é terra de peixe. Comprei uma espécie de douradinhos gigantes…vamos ver se aquilo presta.
Fazer compras aqui é um processo complicado, primeiro porque ainda não conheço as marcas… tenho de andar à procura e depois porque as diferenças de preço entre o mesmo produto de marcas diferentes é brutal! Ah! E as variedades! Comprei umas latas de atum. Aí há atum em óleo, em azeite ou em água… aqui… há umas 20 variedades: com molho de tomate, com tomate e basílico, com limão e alho, com pesto, com… sei lá… com tudo! Portanto não é fácil…
Compras feitas, seis sacos lá vou eu apanhar o comboio para a Macquarie University e depois o autocarro para casa. Tive sorte que não fiquei muito tempo à espera em nenhum dos casos… e ainda bem porque os congelados agradecem. Finalmente comprei iogurte! Yeeee! Até agora só tinha visto packs de 2 iogurtes (cada um com 250gr, aqui não há de 125) por mais de 3 dólares. Hoje vi uma só embalagem de um quilo por 4 dólares… é caro para quem está habituado a Portugal, mas aqui é baratérrimo!
Tenho reparado muito nos hábitos e forma de viver dos aussies. Sabiam por exemplo que o jornal da noite aqui não é às 8 mas sim às 6? Às 8 já está a dar filmes e séries. Depois há outra edição às 10 da noite. E as festas? Ah pois é! As festas aqui começam e acabam cedo. Por exemplo, a minha festa na faculdade ontem decorreu das 5 às 9, e incluiu jantar servido às 5. As discotecas às 9 da noite estão cheias e às 4 da manhã vazias. Bem diferente de Portugal não é? Por acaso acho bom que assim seja porque se pode sair à noite à vontade e curtir na mesma sem ter de estar toda partida no dia seguinte.
Outra coisa que tenho reparado é nas teens.  Os australianos são muito descontraídos a vestir, talvez até demais a meu ver, anda sempre tudo de chinelos, calções e umas t-shirts muito mal amanhadas. Mas as teens…as teens têm um estilo diferente. Eu chamo-lhe trashy slut style.Porque é isso mesmo que elas parecem… estão a ver as putas do intendente com um ar altamente drogado e todas mal paridas? É assim… verniz das unhas, normalmente preto, já a sair, maquilhagem dos olhos que parece do dia anterior, roupa rasgada, chinelos e unhas dos pés como as das mãos, cabelo apanhado mas de qualquer maneira… a diferença é que se nota que aquilo não é desleixo. É tudo pensado! Percebe-se que a maquilhagem não é do dia anterior e que o verniz está assim, não por falta de acetona, mas por uma questão de estilo.
Podem ficar descansados… a mim nunca me verão de verniz lascado, muito menos de propósito. Eis um hábito australiano que não pretendo adoptar…
Chegada a casa percebo finalmente que a minha piquena chilena é porca. Além de deixar tudo espalhado pela casa, desde computador a mala, chapéu, caixas de telemóvel, garrafas de água vazias… deixa um saco de lixo a abarrotar, com bocados de lixo por fora do saco…numa casa onde há formigas isso é uma excelente ideia! Ainda pensei em não tocar naquela merda, mas depois achei que não aguentava e lá fui eu pôr o lixo no caixote…claro que antes tive de trocar para um saco maior. Tenho quase a certeza que vi uma cobra nos arbustos quando fui aos caixotes... mas não quero pensar muito nisso. Acho que vou começar a fazer sacos de lixo separados…
Além disso nunca põe papel higiénico na casa de banho, deixa pasta de dentes espalhada pelo lavatório, cabelos por tudo quanto é lado (e tem ela cabelo curto!), toalhas molhadas no chão (no quarto dela, portanto tudo bem)…enfim, a rebaldaria! A loucura! Pode ser que em Julho consiga mudar de casa…a ver vamos é se não me calha ainda pior.
Agora já tenho a minha sopinha feita. Estou cheia de saudades. Vamos ver como ficou isto sem sal, coisa que ainda não comprei. Para já parece-me bem… Amanhã tenho o meu primeiro evento social, vou a um churrasco em Manly, convite do Bruschy (o tuga do Wild Australia de quem já aqui falei). Aqui ficam as fotos do dia. Beijos e bom fim de semana para vós!

Chatswood

Balmoral Beach


A ponte a meio da praia

Lazer

A minha bebé :)

18/02/2011

The strangest things can happen!

Vocês não vão acreditar no episódio de hoje… a sério, não vão mesmo. Isto já me aconteceu há umas 6 horas e eu própria ainda não estou a acreditar. So, let’s start from the beginning
Acordei cedinho como sempre e falei com Portugal. Depois eu e a Paulina andámos a caçar um lagarto cá em casa. Este foi difícil! Bolas que o gajo não se deixava apanhar! E eu que tenho um nojo imenso desse tipo de bicharada andava feita louca aos gritos pela casa com medo que ele me subisse pelos pés e a tentar desviar os móveis, enquanto a Paulina tentava enxotá-lo com a vassoura ou agarrá-lo pela cauda. Acabámos por esquecer a porta das traseiras aberta, por isso acredito que tenha sido um esforço vão… devem estar agora cá dentro uns 30 lagartos e uns 10 pássaros… 
Depois da aventura doméstico-campestre fui correr. Hoje era dia de treino novo, ou seja, dia de acrescentar dois minutos ao treino. Por isso prefiro ir de manhã, custa menos. 28 minutos a correr que me souberam que nem ginjas! Mesmo bom! Chegada a casa, banhinho tomado, preparada para sair e ir conhecer o tal bairro português: Petersham. Não é que seja muito longe, mas aqui os transportes dão voltas infinitas e tem de se trocar 300 vezes de linha. Vai daí  sabia que tinha uma longa jornada pela frente: iPod e água na mala, mais umas maçãs e máquina fotográfica na mão: bora lá conhecer esses tugas!
Quando cheguei à estação de comboio fiquei logo desapontada. Umas ruas assim muito sozinhas, com umas casas engraçadas mas sem grande vida. Perguntei onde era o bairro português: you go straight ahead, turn right and that’s all portuguese! Assim fiz. Encontrei uma loja de bebidas com Sagres, Monte Velho e vinho de Ponte de Lima, uma agência de viagens portuguesa e uma pastelaria, com pastéis de Belém a 3 dólares a unidade. Entrei aqui. Um grupo de portuguesas de meia idade conversavam na mesa. Apresentei-me, disse que também era portuguesa e que procurava alguma comunidade local de portugueses, uma espécie de Casa de Portugal ou qualquer coisa assim. A muito custo e sem grandes simpatias nem boas-vindas lá me indicaram o Clube Português de Sydney e até me deram um papel com a morada. Disseram que demoraria uma meia hora a pé, só não me disseram que era a duas estações de comboio e que havia autocarros para lá… Lá fui eu, debaixo de sol – as ruas não tinham sombra nenhuma – a apreciar as casas, tudo muito deserto, não se via ninguém. Sem saber se ia pelo caminho certo vi um sr. com pinta de australiano a fazer exercício. Calção de Lycra, camisola de ciclista, garrafa de água na mão e boné…vamos chamar-lhe careca ordinarão:
Me: Excuse me, could you tell me where is this address, please? (e mostrei o papel)
Careca ordinarão: Oh I’ve no idea but I go to the other side of the road with you and help you find.
Me: arghhh… ok… thanks
Careca ordinarão: So, how you’re doing today?
Me: Pardon?
Careca ordinarão: So, how you’re doing today?
Me: I’m ok… (Mas ca raio de pergunta...)
Careca ordinarão: Ok! Are you married?
Me: hummm… yes I am! (bem não tens muito a ver com isso mas ok...)
Careca ordinarão: For how long?
Me: well… three years (hummm deves querer conversa)
Careca ordinarão: You look so young to be married!
Me: Well… not that young actually  (xiii que converseta foleira)
Careca ordinarão: no? how old are you?
Me: I’m almost 32
Careca ordinarão: Oh! Really? I could never guess! You look very young.
Me: arghhh… thanks I guess (yeah right...dá-me graxa)
Careca ordinarão:  That’s fine! As long as you swallow sperm that’s all right!
Me: What? (epá percebi mal caramba!)
Careca ordinarão:  As long as you swallow sperm that’s all right!
Me: I’m not sure that I understand you… (mas este gajo acaba de me perguntar se eu engulo? nã... não pode ser)
Careca ordinarão:  As long as you swallow sperm that’s all right!
Me with a smile on my face: E se fosses mamá-lo meu grande filho da p***? Can you give me my peace of paper now ? I said now!
Careca ordinarão:  Will you be fine?
Me: Yeah. (P*** que te pariu! Ca raio! Tarado de merda!)

E nisto o cabrão tentou beliscar-me o rabo… não havia ninguém na rua. Pela primeira vez desde que cá cheguei senti medo. E olhem que já vim da faculdade para casa pelo meio da floresta à noite, sozinha. Isto foi uma cena mesmo freak! Fiquei logo mal impressionada com o bairro. Isto foi para compensar a piada que o Matt teve no outro dia… Fui seguindo, pior que estragada, já meia arrependida, mas eu sou uma mulher de objectivos, e se fui lá para ver o clube português, ia ver o clube português!
Vou eu embrenhada nos meus pensamentos, furiosa, com vontade de voltar atrás e pregar duas bofetadas no cabrão do careca, quando passa um carro com 3 gajos lá dentro que gritam: Oh boa!  O meu pensamento: F***-**!! Cheguei a Portugal C******!
Mas eu sou teimosa, e continuei. Furiosa! Mas lá fui eu. Entretanto já estava a caminhar há mais de uma hora: Ai que aquelas p**** enganaram-me! Esta merda é longe comó catano!
Lixo nas ruas, gajos a passearem com a camisola da selecção, tunnings por todo o lado, carros a passarem com música aos berros… Portugal no seu pior ali concentrado. De repente lembrei-me porque é que saí de Portugal e percebi que não devia ter ido ali. Mas já tinha andado mais de uma hora não ia desistir… Lá encontrei por fim o clube. Uma tasca cheia de velhos barrigudos a beberem cerveja e a jogarem às cartas… e um empregado, o André, de Faro, que me salvou o dia. Estudante como eu, faz ali umas horas para ganhar dinheiro. Deixou-me usar a casa de banho, deu-me uma garrafa de água fresca e conversou comigo. Apresentou-me o Vítor, estudante de cinema que acaba de conseguir o sponsored visa. Indicou-me uma estação de comboio a 5 minutos dali. Trocámos telefones para quando precisarmos. Quis sair dali o mais depressa possível. Aquilo não é a cidade que eu vi até agora. É um bairro manhoso cheio de gente esquisita. Conselho do Vítor: “A sério, não te dês com portugueses aqui. Não ganhas nada com isso.” É triste, mas vou seguir o conselho.
De volta à faculdade lá fui eu à festa dos estudantes internacionais. O tema da festa era speed friendship e é como o speed dating basicamente. Antes havia sushi, confesso que fui lá de olho no sushi. Mas lá acabei por conhecer uma miúda holandesa que me deu boas dicas sobre como encontrar casa aqui – em Julho vou precisar; um malaio completamente gay e que sabe fazer a mooonwalk; 30 chineses; um indonésio; uma chinesa do meu curso; e uma alemã. Não me lembro do nome de ninguém… os chineses então podem passar por mim que não os reconheço. Encontrei ainda a minha housemate com o seu amigo brasileiro que está a fazer o PhD em Física e ainda um pequeno chinês amoroso, do mais gay que há que ficou encantado por me conhecer porque a Paulina lhe disse que eu era jornalista e esse é o maior sonho dele. Espero que seja mais fácil ser jornalista aqui… senão tadixo, ele que se prepare para ver os sonhos destruídos, pisados e queimados!
Estou finalmente em casa. A Paulina tem um amigo novo e foi sair com ele. Pelo menos avisou que ele vai dormir cá em casa. Ah e tal diz que não há transportes. Pois sim… bom pelo menos avisou, o que significa que começa a perceber que eu também vivo aqui…
Agora estou no sofá e estou com medo que me apareça um lagarto ou um pássaro ou sei lá, um esquilo! Vou ver o Rasgar depois de Ler, que é um excelente filme e amanhã continuar o meu plano de marketing. Quem sabe passe pela praia. Aqui ficam as fotos de hoje. Enjoy!
Antes de começar a jornada estava bem disposta

Cheguei a Petersham curiosa

As ruas desertas não me animaram...

Odeio Coelho, mas achei piada ao cartaz e ao nome do restaurante

São os Silvas e os Santos... estamos em todo o lado!

Nesta rua cheira a frango assado!

O edifício da câmara lá do sítio

A Igreja a entrada de Merrickville

O munícipio de Merryckville e a aproximação de uma festa portuguesa

Merryckville Rd

Finalmente...

O tasco







17/02/2011

Hope, full of hope!

A sério, a próxima vez que eu me lembrar de ir correr às cinco da tarde com 30 graus, alguém me dê uma paulada. Hoje, ao contrário de ontem, esteve um calor horrível, e correr assim não é agradável. Até fiquei com as marcas da camisola… o sol aqui não é para brincadeiras. Aliás,  a televisão não se cansa de passar publicidade institucional a alertar para o cancro de pele e para o cancro de pulmão também. Parece que por estas bandas a camada de ozono é fraquinha, fraquinha. O sol queima à séria!
Mas deixem-me contar como foi o meu dia, porque acho que foi realmente bom. A manhã foi calma, ando a tentar resolver o problema da caixa do correio. Nenhuma das chaves que temos a abre e quer eu quer a Paulina estamos à espera de correspondência importante. Ainda não foi desta que ficou resolvido mas tenho esperança que será para breve. O meu cartão de débito vai chegar e o meu dinheiro está no fim, por isso, preciso mesmo de abrir a caixa do correio!
Depois lá fui eu à entrevista em Lane Cove. Pensava eu que ia para mais uma daquelas entrevistas para Sales assistant numa loja de roupa pequenina no meio de um bairro manhoso… but guess what! Enganei-me! Bom, a loja é de facto pequena mas o sítio não é manhoso - Lane Cove - e o trabalho não é Sales assistant, ou pelo menos não é só isso. É muito mais. A sra. Irene, uma imigrante de Hong Kong que está cá há 20 anos, é uma querida e quer expandir o negócio, uma loja de roupa e sapatos específicos para dança. A Irene precisa de uma pessoa que perceba de marketing & brand management para a ajudar, e eu sou a pessoa certa. :)
Neste momento estou a trabalhar num plano de comunicação da marca para lhe dar na 2f. Só depois ela decidirá se me contrata ou não. Com sorte contrata-me e pomos o plano em acção; com azar não me contrata e ainda usa o meu plano feito à borlix… Vamos esperar que seja uma pessoa honesta. Pelo menos assim me pareceu. Conversámos por mais de uma hora e gostei muito dela. Agora só espero que ela queira de facto expandir o negócio. A última vez que tive o tipo de conversa que tive hoje, fui trabalhar para um merceeiro que primeiro adorou as minhas ideias e depois começou a retrair-se…qual merceeiro. If you want to be big, you have to think big!
E pronto, por hoje lamento mas não tenho mais novidades. Estou realmente entusiasmada com esta possibilidade de trabalho e acho que pode ser uma boa. Tenho montes de ideias que estou a organizar, depois vou fazer um documento realmente cool e estou com fé que vai funcionar.
Acho que amanhã – que não tenho nada planeado – vou escolher uma qualquer atracção turística para ir conhecer. Depois então colocarei fotos. Hoje lamento mas não tenho nada de novo para vos mostrar… beijinhos e abraços!

16/02/2011

1 semana, 1 engate, duas entrevistas

Os meus dias aqui começam cedo. Bom, já em Portugal começavam cedo, mas de forma diferente. Em Portugal acordava às 6.30h e seguia para o ginásio, depois vinha para casa, tomava novamente o pequeno-almoço, descansava um bocadinho ou arrumava a casa. Aqui não é assim. Acordo à mesma hora mas tenho logo coisas para fazer, entrevistas onde ir, coisas para tratar na faculdade ou na cidade. É outro ritmo. Vai daí normalmente antes das dez da noite estou a dormir no sofá. Hoje aposto que vai ser igual porque dei voltas e voltas e voltas.
Comecei por ir à entrevista. É um bom lugar. É legal, nada de guita por baixo da mesa, é numa das escolas da universidade, é a 15 minutos de casa e não é monótono. Implica trabalhar no café, mas também no centro de conferências e noutras facilities da escola. Além disso dão formação e mais horas de trabalho durante as férias.  Um dos gajos que me entrevistou é filho de pai português, mas pelo que percebi não fala uma única palavra e nem sequer conhece o país. Esteve em Espanha, pior, esteve em Madrid, e não foi capaz de dar um pulinho a Portugal conhecer as origens.
Anyway, este dado foi importante para quebrar o gelo. Acho que a entrevista correu bem, mas por outro lado acho que o meu inglês ainda não está suficientemente bom para estas situações de stress. Mas impressionei-os por só cá estar há uma semana e já ter o RSA e já estar numa entrevista de emprego. We don’t waste any time, do you?”. Ao que respondi: “Why should I?”. Ficaram de me ligar hoje ou amanhã…aguardemos com serenidade.
Entretanto saí da entrevista fui à faculdade tratar de uns assuntos, ao supermercado comprar fruta e leitinho… porra que um quilo de cerejas custa mais de 16 dólares! Ando sempre a comer peras que é a fruta mais barata. Ainda assim um quilo custa quatro dólares…
Depois de almoçar lá me decidi então a ir a Manly, uma das mais famosas praias do Norte da cidade. Fui daqui até Circular Quay, onde estive ontem, para apanhar o ferry. Ia eu pela Pitt St abaixo, com a minha música no meu iPod, feliz e contente de respirar cidade, a absorver tudo o que posso com os meus olhos, mas também com os outros sentidos, quando se deu o seguinte diálogo entre mim e um australiano da Greenpeace, o Matt:
Matt: Hi! Do you know Greenpeace?
Me:Hi! Yes, I’ve heard about you guys.
Matt: Where are you from?
Me: Portugal.
Matt: Oh! Portugal I’ve been in Albufeira. May I say that you are beautiful?
Me: Arghhhh … well… you can say pretty much what you like…
Matt: I’m so sorry but it’s just that you are so beautiful and you’re dress is so lovely… you’re really lovely… I was going to tell you about the planet, but now I forgot!
Me: arghhhh … eh eh eh eh …  hummmm… well… ok

Lá segui para o ferrie a pensar: bem estes australianos têm mais jeito para isto do que os tugas!
De ferrie até Manly, lá fui eu conhecer o paraíso dos surfistas. É um subúrbio simpático, cheio de brasileiros, com uma praia linda a perder de vista, lojas de surfistas em cada esquina, surfistas a passearem as pranchas pelas ruas. Pena que o tempo foi ficando cada vez mais frio e não pude dar um mergulho. Até tinha levado biquíni e tudo… mas não dava mesmo. Dei umas voltinhas e lá voltei eu de novo para a cidade. Cheguei à cidade à hora que toda a gente sai do trabalho. Sim, meus caros, aqui não há lojas abertas até à meia-noite, pessoas de castigo nos escritórios até às 9 ou às 10. Aqui, as lojas fecham entre as 5 e as 6, mesmo nos centros comerciais, e o pessoal sai dos escritórios o mais tardar às 6.30. Às quintas as lojas ficam abertas mais um par de horas, tipo até às 9. De resto não há cá explorações. Às seis da tarde já anda tudo nos parques a passear a família, a fazer exercício ou simplesmente a relaxar. Curioso que as gajas todas bem vestidas depois andam de ténis ou chinelos…e com os sapatos de salto alto num saco ao ombro.
De volta à floresta cá estou eu, felizmente sem companhia! Amanhã à tarde tenho nova entrevista de emprego. Vai ser um dia cheio outra vez, mas quem sabe ainda arranje tempo para ir conhecer outro sítio qualquer.
Aguardo os vossos comentários com ansiedade J




Um português que fez sucesso

Pézinhos no mar :)


The corso: o caminho que nos leva à praia


The beach

15/02/2011

Let me show you the world in my eyes

Gostaria de vos informar que estão a ler uma profissional habilitada para servir álcool. Ah pois é! Esta menina já pode andar por aí a servir copos, não à vontade, mas de acordo com a lei. Estes gajos são mesmo loucos… tudo tem uma medida. Imaginem que pedem um rum com cola, por exemplo. O rum é medido num copo à parte com exactamente 30ml de líquido. Nem mais, nem menos. E se for apanhada a servir mais… multa! E se um gajo com os copos morrer a menos de 50 metros do meu bar, de quem é a culpa? Minha, que não me recusei a servi-lo mesmo depois de ver os sinais de buba. Ah pois é… aussi people não brinca em serviço. As leis sobre o álcool aqui são muito restritas. Imagine-se que numa cidade com mais de 4 milhões de pessoas e com uma dimensão gigantesca só há 14 mil estabelecimentos licenciados para servir álcool. E alguns destes estão numa lista especial com mais restrições ainda. É uma espécie de lista negra para os bares que chamam mais vezes a polícia. Por exemplo, nesse tipo de bares, além de não se poder servir álcool a quem já mostre sinais de intoxication é ainda proibido servir bebidas espirituosas depois da meia-noite, servir em copos de vidro também depois da meia noite, servir copos meia hora antes da hora de fecho, servir mais do que uma standard drink (cada bebida tem uma medida. As espirituosas são 30ml, o vinho 100, a cerveja 285, etc) por hora… enfim… uma série de restrições, regras e do’s and dont’s. Além disso é proibido vender álcool em supermercados, e nas lojas especializadas para o efeito os menores não podem entrar mesmo quando vão acompanhados pelos pais. Pois é, eu já sei isso tudo, e já tenho o meu diploma! Ah pois é!
Entretanto recebi mais um telefonema para uma entrevista de emprego na 5f. Amanhã tenho então uma de manhã e na 5f uma de tarde. Acho que preferia a de quinta porque é numa loja de roupa, desta feita parece-me uma coisinha melhor… pelo menos tem site e a sra ao telefone foi uma fofinha. Novidades surgirão em breve, estou com fé!
Depois de sair do curso aproveitei o bom tempo que entretanto se fez e fui finalmente ao Circular Quay e à Opera House… meus piquenos e piquenas… uma palavra: breathtaking. Já estive em muitas cidades, já conheci muitos países, mas juro que nunca vi nada tão fantástico, tão overwhelming. É a combinação perfeita de cidade super cosmopolita com entretenimento e lazer. As fotos não fazem jus ao que se sente naquele sítio. Mas lanço o desafio a quem tiver tempo, que faça uma pequena preparação antes de ver as fotos: Entrem aqui no ritmo da cidade. Sintam o frenesim das ruas do CBD (Central Business District), ouçam na vossa cabeça os sons dos pássaros misturados com os sons dos telemóveis a tocar, das vozes, dos autocarros. Ouçam os sons da cidade. O ar quente, mas não demasiado quente, e o cheiro agridoce desta parte do planeta. Só assim poderão sentir uma ínfima parte do que eu senti esta tarde. Andava pelas ruas a sorrir feita tontinha, aquilo sim é o meu ambiente.
Mas pronto lá tive de voltar para a floresta dos animais encantados. Hoje vi duas lebres aqui À porta e neste momento já estão os pássaros loucos a fazer barulhos. Quando anoitece e quando amanhece é quando mais barulho fazem. Parecem tresloucados. Tenho entretanto percebido que o pessoal asiático também é meio tresloucado. Hoje pedi a um grupo de teens japonesas para me sacarem uma foto. E elas tudo bem, mas no final tive de tirar uma foto com elas e com mais um colega do grupo … com cinco máquinas diferentes… Já quando estive em Bali o pessoal asiático me pedia para me tirar fotos. Acho tão estranho… deve ser uma espécie de fascínio europeu que eles têm… sei lá. Não há-de ser pelo meu magnífico sorriso eh eh eh eh eh. Mas ainda gostava de perceber esta cena dos gajos. Falando em gajos asiáticos. Fogo! Ou são tímidos ou são antipáticos, porque aqueles com que tentei falar, mais os chineses (ah pois é já distingo japoneses de chineses!), falam comigo de olhos no chão e com monossílabos. Hoje para fazer o teste, quando fui correr, estava lá uma equipa de futebol de chineses a jogar, pisquei o olho a um. Só naquela de ver a reacção do gajo. Fogo! O puto quase se enterrava no relvado! Jasus! Será que piscar o olho na cultura deles é alguma cena ordinarona? Hummm… não tinha pensado nisso. Tenho de ter cuidado com estas coisas ou ainda ofendo alguém sem querer. E agora vou fazer a janta, numa cozinha cheia de formigas mas que EU não vou limpar, ver um bocado de tv e dormir. Amanhã cedo Job interview. Have a nice day mates! 

QVB - Queen Victoria Building. Tem imensas lojas lá dentro e é gigante e lindo de morrer

The bus stop


Há uma cena destas em cada esquina. Fruta e água. É cool, não custasse cada peça de fruta um dólar

O edifício do National Bank of Australia na George St

Estão a ver o contraste? Edifícios antigos e depois torres gigantes convivem muito bem

As estradas têm sempre isto escrito porque o pessoal confunde-se um bocado com o trânsito ao contrário

Um jardim no meio da cidade, o que aqui é bastante comum. Este é antes de entrar em Circular Quay

Aborígene com didjiridu

Me em Circular Quay a caminho da Opera House com a ponte ao fundo

Vista da Opera House para a cidade. Não é lindo?

Os meus fãs japoneses

The Opera House

Nem consigo comentar. É brutal!

E aqui tocava...Mariza :)

A claque

Ponto previo: estou num teclado local, por isso nao tenho acentos...as minhas desculpas...
Nao podia hoje fazer so a actualizacao habitual, nao depois de ter visto os comentarios no post anterior ou os mails que entretanto recebi. Nunca consegui perceber o impacto que as claques tem nos jogadores de futebol e sempre achei um disparate deixarem-se influenciar, ate hoje. Nao imaginam a importancia - acho que nem eu alguma vez pensei nisso - que as vossas palavras tem para mim, a forca que me dao, o peso que me tiram de cima. Fogo este blog foi mesmo uma boa ideia. Nao sabia se iria conseguir mante-lo e tive muitas duvidas antes de o criar porque me zanguei com a escrita ha uns anos atras. Mas agora vejo que este blog e o meu ponto de contacto com muitos de voces, e a minha forma de comentar com alguem o final do meu dia porque nao tenho ninguem em casa para o fazer, e e tambem a minha reconciliacao com a escrita. E sabe bem.
Daqui de Sydney, um grande beijinho e um grande obrigada. Treinaram muito bem. Haverao mais rounds por isso continuem que estao no bom caminho ;) (depois em casa corrigo este texto...credo que isto sem acentos fica esquisito).

14/02/2011

1st job interview on Valentine's Day

E pronto lá fui eu hoje à minha primeira Job interview…já sei está tudo ansioso por saber se consegui o emprego e a resposta é, não sei mas acho que não porque não vou voltar lá. Ora bem depois de sair de casa antes das 7h e chegar lá às 9h e de ter visto o sítio comecei com as primeiras dúvidas. Estão a ver aquelas lojas em centros comerciais muito porcalhões, com roupa que devia ser proibida até para caridade? Ora pois…era assim. A Sra. Tamir, uma indiana muito mal enjorcadinha, era do mais antipático que há, a loja só tinha uma peça de jeito e o sítio era de fugir. Depois de me entrevistar, ela sentada e eu de pé junto ao balcão, disse que queria testar-me uma hora. E eu tudo bem. Perguntou-me quando tempo eu tinha demorado até lá, e depois de eu dizer 2h, marcou-me o tal teste ainda mais cedo do que a hora da entrevista. Ah! E o pagamento…miserável para os padrões australianos: 12 dólares por hora, claro que por baixo da mesa. O que nem é mau porque não sendo residente teria de pagar uns 30 por cento de impostos se declarar. Resignada, e sem mais nada na mão, lá me fui embora convicta de que o melhor seria mesmo ir fazer o tal teste na 4f. Lá vim eu cabisbaixa pelo caminho. Apanhei o autocarro a pensar o que será da minha vida se for tudo assim, a pensar mas ca raio te passou pela mona para vires para este país… até que passei pela David Jones. Uma espécie de El Corte Inglès cá do sítio, com todas as melhores marcas desde Prada a Dior, desde French Conection a Esprit. Desci do autocarro e entrei. Ora bolas, pensei, se tenho de trabalhar numa loja que seja num sítio destes. E então inspirada pelo momento de epifania lá fui eu caminhar pela Market St. Acho que foi Deus que me mandou para lá. Não, calma. Não arranjei emprego. Mas vi todo um mundo de possibilidades que me fizeram pensar: “Helena Isabel, mas tu tas parva? Vais trabalhar para um sítio que mete nojo a duas horas de distância de casa por míseros 12 dólares quando só de passe mamas 48 que até te lixas??” E desisti da ideia de fazer o tal teste.
Vai abrir na Market St uma Zara e tinham um mega cartaz a dizer que estão a contratar. Suponho que não tenha hipótese, mas vou tentar… quem sabe aquela semaninha que trabalhei na Zara em Portugal não seja um factor distintivo? Lá fui então apanhar o comboio para casa e pelo caminho tive vontade de chorar, pela primeira vez desde que cá cheguei. Mas mulher maquilhada não chora, por isso engoli as lágrimas, cheguei a casa e comecei a imprimir CV’s. Segui para o Macquarie Centre e fui entregá-los em cada loja que tinha um anúncio na montra e até mesmo nas que não tinham. Ganhei esperança.
À tarde ligaram-me por causa de um CV que mandei no fim-de-semana. Uma nova entrevista numa das escolas da própria universidade precisa de uma pessoa.  Depois de um telefonema meio atabalhoado (pensei que me estavam a ligar dos accomodation services e então pus-me a perguntar da chave da caixa do correio…lindo), lá vou eu a entrevista na 4f de manhã. Sra Tamir já foste, enfia os 12 dólares na peida e vê lá se aprendes a ser simpática!
Mas hoje porque estive meia down quero falar-vos das coisas más. Sim porque a cidade é linda, e mal posso esperar para ir lá amanhã de novo – que isto de viver no campo definitivamente não é para mim – mas não são tudo rosas. Além de estar a ficar tesa que nem um carapau, a minha housemate, que até é fofinha como já aqui o disse, tem umas cenas uma beca irritantes.Traz gajos cá para casa de madrugada. Até aí tudo bem, mas põe-se a comer e a beber vinho e acendem as luzes todas da casa. Mas ok, eu levanto-me cedíssimo e vingo-me. O problema é que não confio no judgement dela. Noutro dia apanhou boleia de um iraniano no meio da estrada e ainda lhe deu o número de telefone, sem o conhecer de lado nenhum. Como é que eu sei que ela não está a pôr dentro de casa um serial killer?
Depois comem, bebem vinho e deixam a louça toda suja na cozinha. Ok…não me incomoda porque é ela que a lava. Mas incomoda-me ir tomar o pequeno-almoço e ter a cozinha cheia, mesmo cheia, de formigas. Isto é uma casa de campo!! Não se pode deixar pacotes de açúcar abertos (como ela deixou), migalhas de tartes e pratos sujos espalhados por aí! Porra! Ainda ontem aspirei a casa já tá um nojo. À parte estas merdas… até é fixe. Hoje pediu-me conselhos por causa do amigo…parece que se enrolaram aqui em casa ontem à noite mas o gajo depois bazou sem grandes explicações. É giro que ela diz que nada fazia prever que se tivessem beijado e que ela não fez nada para que isso acontecesse. Yeah, yeah… eu que nunca o vi já sabia que isso ia acontecer e até sabia que ia ser ontem. Ora bolas, andam neste chove não molha desde que eu cá cheguei, pelo menos, e ontem foram dançar salsa e beber vinho… era óbvio. De qualquer forma lá lhe expliquei que, em termos de conhecimento de homens, a única diferença que há entre as mulheres da minha idade e as da dela, é que nós dos 30 já deixámos de perder noites a pensar o que poderá significar determinado tipo de comportamento. Ou seja, não entendemos mas também já não pensamos muito nisso.E quase lhe expliquei também que essa história de ela não ter feito nada para que os tais beijinhos acontecessem era boa para contar a alguém da idade dela...
Agora vou mandar mais uns CV’s. Depois talvez vá correr, ou não porque me dói imensamente a cabeça. Talvez fique por aí deitada no sofá a descansar. Amanhã vou finalmente tirar o meu RSA, um certificado que me permite servir álcool nos restaurantes e cafés, talvez dar mais uma voltinha pela cidade. Agora que tenho o passe na mão ninguém me pára! Podia ter ido hoje também mas além da desmotivação que aquela entrevista me criou, estava demasiado bem vestida para andar por aí a circular. E fui eu com a minha melhor farpela…ai que isto de ser imigrante é duro! Mas uma australiana velhota fofinha disse que os meus sapatos eram gorgeous e são! Demasiado para uma loja ranhosa como aquela!
Hoje deixo só aqui umas poucas fotos que tirei na Market St e na George St, que pelo que posso perceber são das principais lá do sítio. Vá lá encham-me a caixa de comentários e o mail com palavras de incentivo. Eu sabia que ia precisar um dia, vocês também sabiam. Despejem lá o que têm andado a treinar que hoje é o dia. 
Pitt St

O meu futuro local de trabalho. O pessoal aqui leva o Valentine's Day muito a sério!

No meio de torres gigantes de vidro, The Strand, na George St

Andar de autocarro é cool, porque eles têm estas faixas próprias então quase não apanham trânsito


Isto do monorail é uma cena muito à frente! Parece que estamos naquele filme do Bruce Willis no futuro em que as estradas eram no ar. Lembram-se?