Cartas


27/04/2011

A menina tá triste

E é vosso dever animar-me :( Pois que conforme esperava lá chumbei no mid term de Finance, mas com uma particularidade que me está a irritar. Pois que o sr. Professor dizia nas instruções, escritas na primeira página, que deveríamos responder a 10 perguntas das 20 de múltipla escolha que constavam do exame; e na parte B apenas a 3 das 4. E eu assim fiz. Mas parece que a maior parte da turma resolveu cagar-se nas instruções e responderam a tudo... Ora, vai daí, o prof quando publicou as notas deixou o reparo que alguns alunos não indicaram resposta a algumas perguntas de múltipla escolha. Pois, já sabeis, que eu tenho de tirar isto a limpo. Vai daí seguiu-se o diálogo:
-Hi mr. Kyng! I'm not really happy with my grade...
-Oh really?!
-Yeah... you wrote on the blackboard that some of the students didn't answer all the questions...
-Yeah.... true
-Well...i'm one of those students!
-Oh you are!
-Yeah... but i did it on purpose, because you wrote on the instructions that we should only answer 10 out of the 20 multi-choice questions; and the same applies for parte b: only 3 out of 4... so my grade is really low, but if you're discounting all those questions it's even worst... I was following the instructions...
- oh... ok... send me an email. I've got your exam in my office, just send me an e-mail.

Lá mandei o mail e agora estou aqui à espera a ver se isso me vale de alguma coisa... é que 33% é vamos lá ver como dizer isto... é MERDA!
Portanto não me bastava esta merda ser difícil, as aulas serem a pior merda que há, o prof ser péssimo e ainda ter este tipo de mal entendidos... Vamos todos rezar ao seu deus, e torcer para ele reconhecer o erro e eu chegar pelo menos aos 50% tá? Vá sejam amiguinhos!

24/04/2011

32

Anormal do C....

Epá...é quase uma da manhã. Juro que me apetece ir ali ao quarto da porca, dar-lhe um par de chapadas e perguntar-lhe se ela além de porca e mal educada também é estúpida... pois que está a cantar!

23/04/2011

Good Friday

O dia acordou solarengo. Eu acordei bem disposta. Afinal depois de dias e dias e mais dias sempre a estudar ou a trabalhar, tinha uma festa. Para sentir um bocadinho da Páscoa aqui tão longe. Saí cedo. Segui à risca as instruções que o André me deu, excepto a parte do comboio, que isto de ir até à estação do comboio ainda são 40 minutos a andar. Duas horas e dois autocarros depois, lá estava eu em Dulwich Hill (tentem pronunciar isto em voz alta...). Á chegada a recepção foi em português. O Sr. Simão, alentejano, mas antes demais benfiquista, a sua esposa, a D. Adélia - como a minha avó - mais o Nuno, filho destes imigrantes mas mais australiano que muitos (à excepção do ser benfiquista, mas mesmo à séria....com direito a tatuagem e tudo), o Pedro que chegou há apenas dois meses, o Vítor e, claro, o André. Bebiam-se cervejas, falava-se da derrota do Benfica, mas pouco porque o Nuno quase chorou, da situação do nosso Portugal, trocavam-se impressões, faziam-se perguntas. O Sr. Simão e a D. Adélia viviam na Moita. Estão cá há 22 anos. Pelo meio criaram três filhos e já têm um neto, que ou muito me engano ou nunca vai saber falar português.
Mais amigos a chegar, desta feita de Sacavém, mais um italiano, mais tarde mais outro e um belga também. A festa dos abandonados da Páscoa. Comida e bebida, ambos com fartura. O bacalhau assado, o camarão e a ameijoa. Uma garrafa de Mateus Rosé que encontrei no supermercado aqui ao pé de casa. É Sexta-feira Santa, não se pode comer carne. Então come-se marisco. Eh eh eh eh Ainda tentei explicar o significado da coisa, mas sem grande sucesso.
É giro que até ontem nunca tinha percebido muito bem estes convívios dos emigrantes, que eu sei que a minha família em França também faz. Mas ontem foi tão claro. O Nuno diz que nunca vai sair da Austrália. Fair enough, penso eu. Afinal quem foi cá criado porque quereria ir para um país em desgraça? Mas ele insiste que Portugal é um shit country, e o pai e a mãe e os portugueses que acabaram de cá chegar não gostam. Mas reconhecem, que estão cá porque não se consegue viver lá. O problema, digo eu, é que estás a comparar alhos com bugalhos. Portugal é um pobre e velho país da pobre e velha Europa; a Austrália é um país jovem e cheio de pujança. Tudo aqui está por fazer, o trabalho chega para todos e o dinheiro abunda. Mas não como diz o sr. Simão, já não está como estava antigamente. Para o Nuno a única falha da Austrália é que não tem bolicaos, nem pacotinhos de leite com chocolate Ucal nem iogurtes líquidos. Não sei se é o único problema, mas nos iogurtes líquidos estou com ele.
Entre umas palavras de inglês, outras de italiano e muitas de português, lá se come e se bebe. Os ânimos acendem-se, as discussões surgem. Afinal o que é um tsunami? Is it the wave that comes to the land or just the pressure of the water? Fala-se alto. Somos portugueses. Não se chega a acordo. A não ser, diz o Nuno, que se houver um Tsunami nunca chegará a Dulwich Hill. Eu, que lancei a acha na fogueira, rio. Não quero participar em discussões de assuntos que não domino. O Federico, ri comigo "what is this shit? Italian imigrants are the same!"
E assim se passa a tarde, entre uma garrafa de branco ou uma cerveja. Acaba-se o vinho, acaba-se a fé. Está na hora do chouriço, e depois de um dia inteiro a comer peixe - havia até sardinhas assadas - está na hora do chouriço e da farinheira. Ora bolas, alguns nem são católicos! Vá de os pôs no barbecue. É tempo de vinho tinto, Monte Velho ou aquele vinho italiano que o Federico trouxe. Provo. É bom. Mas depois de uma cerveja, dois dedos de branco e mais dois de rosé, acho que cheguei ao limite. Ok, já sei que sou fraquinha... mas é assim mesmo. Não podemos renegar o que somos, o que podemos e o que queremos. E muito se renegou ontem Portugal, mesmo quem tem tatuagens do Benfica nos braços. Mas também muito se apoiou. E muito se lamentou o que somos e o que já fomos. E muita saudade se sentiu, entre uma cerveja e a outra. Entre um copo de tinto e um pedaço de broa. Entre fado, DaWeasel e Carlos Paredes. Somos portugueses, e somos iguais em qualquer parte do mundo. Bebemos muito, discutimos muito, falamos alto, comemos bem. Mas em Dulwich Hill, ou em Lisboa somos boas pessoas. E eu senti isso. Não podia ter sido melhor recebida. Sinta-se em família, que aqui sem o sermos, é o que nós somos todos, diz o sr. Simão. E eu sinto. Não é difícil. Está ali um pequeno pedaço de Portugal. E de manhã na Pastelaria não peço um Latte, mas um galão; nem um donut ou banana bread, mas um pão de leite. E é bom, e foi bom. E apercebo-me que além das sobremesas, também gosto, muito, de pessoas doces.

22/04/2011

Vaidades

Estava aqui a ver que o número de seguidores deste blog tem vindo a subir. E eu fico tão contente :)

21/04/2011

4, 6, 32

Estava sentada no terraço da minha casa em Penso, Melgaço (abraço para Melgaço aqui retribuído) quando, de repente, ele veio parar às minhas mãos. Era um urso de peluche vermelho como eu nunca tinha visto. Tinha luzes e um coração no peito que, quando pressionado, fazia o urso falar. Foi a nora do Sr. Orlando que o trouxe da Suiça e nós em Portugal não tínhamos daquilo. Ou pelo menos eu não tinha. Os meus brinquedos eram todos estáticos e sem grande piada. Mas aquele urso vermelho, que caiu nas minhas mãos era mais do que eu podia imaginar. Não sabia muito bem se lhe devia tocar ou não. Mas a nora do sr. Orlando e o meu avô insistiam. E eu agarrei-o. O meu avô disse para eu agradecer. E eu, confusa, sem perceber se o urso ia ser meu ou não, mas a torcer para que sim, agradeci. Brinquei com ele por poucos minutos. E ela depois levou-o outra vez, era da filha. Não era meu. Esta é a minha memória mais antiga. Não sei ao certo que idade tinha, mas sei que ainda não andava na escola, estaria com certeza à volta dos quatro anos. Foi a primeira vez que senti uma enorme frustração e achei uma merda que os meus pais não fossem emigrantes para eu poder ter as coisas fixes que os franciús tinham.

Naquele dia de Setembro acordei com o sobressalto da minha mãe. Entrou pela casa adentro, a gritar : “Lena! Lena! Acorda filha! É o teu primeiro dia de escola e a mãe esqueceu-se!”.
Eu, meia despassarada como sempre, lá me levantei sem saber muito bem o que é que se passava. “Escola? Mas… qual escola?”. “A mãe esqueceu-se e foi à praça, mas hoje é o teu primeiro dia de escola, a partir de hoje vais todos os dias. Podes levar o teu vestido preferido.”
E assim foi, vesti o meu vestido preferido com umas flores azuis, de um tecido fino que eu achava que me ficava tão bem. Do alto dos meus seis anos já dava uma enorme importância àquilo que vestia e com que ia à rua, mesmo que depois tenha cometido os piores erros de moda nos anos teen… mas enfim… os teens são aquela coisa e eu também passei por lá.
Chegada à escola, a minha mãe foi comigo falar com a D. Fátima, que tinha sido professora do meu irmão. E a D. Fátima disse: “não, a irmã do Paulo está com a D. Otília. Mas como eu tenho um aluno atrasado fico já com ela e depois mando o Hugo para a outra classe. É que gostava de ficar com as irmãs dos antigos alunos que já cá tenho umas três. Olhe, ali a Diana é a irmã do António Bruno.” E assim fui parar à turma da D. Fátima e não da D. Otília. Quis o destino que mesmo assim, eu da D. Fátima e a A. da D. Otília nos tenhamos conhecido poucos anos depois e mantenhamos a amizade há 22 anos. Esta é a minha segunda memória mais antiga.
Ontem fiz 32 anos. Trinta e dois anos de memórias, muitas boas, outras tantas más; umas que passaram; outras que ainda doem apesar dos anos. Tantas que guardo só para mim, que nunca partilhei com ninguém mas que tanto moldaram o meu percurso e a minha vida até ter chegado aqui, a Sydney.
Ontem, passei o dia na cidade entre um cappuccino com a Grace no QVB e uma imperial com o André e o seu amigo italiano. Este italiano, giro como todos os italianos, perguntava-me se quando eu tinha 23, a idade dele, pensava que aos 32 ia estar em Sydney a celebrar o meu aniversário no bar da UNSW. E eu sorri. “Não, se alguém me tivesse dito quando celebrei os 31 que o próximo ia ser assim, não acreditaria”. Mais tarde, a Alison (que se está a revelar uma miúda fofinha até mais não, quase que a quero adoptar) dizia: “Certainly you didn’t think you would be here, specially in a share room!”. E eu sorri. “Yeah… it’s true! But all things in life happen for a reason.”
“Would you change anything if you were again my age?”, perguntou.
“Well… no. If I did I would never know, what I know today; and I would never know the things that I don’t want in my life, like I know today.”
E teria outros 32 anos de memórias, diferentes. Umas boas, outras más. Outras que guardaria só para mim e que às vezes ainda me atormentariam, mas que fariam de mim outra pessoa.
Obrigada a todos por se terem lembrado. It means a lot to me ;) 

20/04/2011

E quem é que faz anos hoje?

Quem é? quem é? quem é? hum?
EU



14/04/2011

Bamos lá a comentar oh faxavor!

Já me estava a esquecer... preciso da vossa infinita sabedoria. Como sabeis não estou habituada a estas coisas de partilhar casa. A A. está sempre a dizer que devo tratar as minhas housemates como vizinhas, mas como vivemos na mesma casa a proximidade é maior... com a nova miuda no meu quarto mais ainda! Ora vai daí, a moça parece ser um doce. Mas tem 18 aninhos e um carro e nunca esteve fora de casa antes... deve estar a querer usufruir desta liberdade toda. E eu acho muito bem! Contudo, ontem confesso que fiquei preocupada. Vi-a na terça de manhã, não dormiu em casa e só apareceu na 4f à noite. E eu, claro, nada tenho a ver com isso. Só que fiquei a pensar que lhe pudesse ter acontecido alguma coisa. Até porque no fim de semana ela não dormiu cá uma noite e avisou antes. Já estava a fazer grandes filmes... se ela não aparecesse na 5f, hoje, pensei que podia ligar aos Accomodation Services só naquela de lhe ligarem a saber se estava tudo bem, uma vez que ainda não tinha o número de telefone dela. Que achais? Estou armada em mãe da moça? Se ela decidir ficar duas ou três noites fora devo preocupar-me ou cagar no assunto? É que ponho-me a pensar que se fosse a porca, cagava no assunto. Com a Ane... ligava, mas tenho a certeza que ela avisaria antes. Com esta, que até é daqui e deve ter milhares de amigos, não sei muito bem que fazer... Aguardo as vossas sábias opiniões!

E é assim...

Quando o Lourenço me disse que no primeiro mês ia andar deslumbrada com tudo e no segundo ia começar a sentir saudades de casa, pensei que ele estava enganado. Para mim só podia ser ao contrário: no primeiro mês ia sentir as mudanças e sentir muitas saudades, e depois então no segundo já habituada ao esquema da coisa, as saudades iam progressivamente desaparecendo, ou pelo menos tornando-se mais toleráveis.
Devia ter dado mais ouvidos a esta jóia de moço! E não é que ele estava coberto de razão?! No meu primeiro mês aqui andei completamente deslumbrada e atarefada. Encontrar emprego, começar o mestrado, instalar-me decentemente, conhecer pessoas. Cada dia, uma coisa nova. Agora que já estou a entrar no terceiro mês é que as saudades apertam. Aqui as rotinas estão instaladas: já sei executar quase todas as tarefas no meu trabalho, já percebi como funciona o mestrado e tudo o que isso envolve (aprender a usar a biblioteca e os seus recursos infindáveis, saber onde são as salas, conhecer os serviços que a uni oferece), em casa já tenho tudo o que preciso, o básico pelo menos e até já conheço algumas pessoas a quem posso telefonar ou mandar mails quando surge alguma dúvida ou preciso de alguma ajuda. E é precisamente agora, em que já tudo está no lugar que precisava de preencher os vazios com as pessoas que estou habituada a ter por perto.
Claro que tenho conhecido muita gente aqui, e muito boa gente diga-se, mas não são - ainda - amigos. Na próxima semana resolvi tirar o dia dos meus anos para não fazer nada. Ou pelo menos para não trabalhar e não estudar. E depois pensei... hummmm.... então e o que é que vou fazer?
Bom, claro que ir à cidade é imperativo. Amo Sydney, tudo o que vi até agora é fantástico e, por isso, todas as oportunidades que tenho - que são quase nenhumas! - quero aproveitar para lá ir, respirar um bocadinho do CBD e recarregar baterias (já para não falar em esquecer por umas horas a bicharada toda que me rodeia aqui onde vivo). Mas... e depois? Almoçar por lá? Passear, tirar umas fotos? Quem sabe fazer umas compras na nova Zara que abre precisamente nesse dia? Ligo a alguém para ir comigo ou vou sozinha? Pois que tenho pensado nisso e não sei muito bem o que faça... Acho que hoje o Paul me convidou para almoçar nesse dia numa das praias, mas sinceramente não tenho a certeza porque muitas das coisas que me dizem ficam assim a modos que lost in translation. Vou esperar que ele se pronuncie novamente sobre o assunto...
Gostava eventualmente de dar um passeio pela cidade à noite, coisa que ainda não pude fazer. A Harbour Bridge deve ficar brutal! Quem sabe... a seca é depois a vinda para casa que é um pesadelo, mas enfim... de certeza que valerá a pena.
Acho que o meu estudo está mais ou menos adiantado. Conto no Domingo já ter Accounting arrumada e começar a entrar a fundo no assignment de Marketing. Entretanto o James, lá do trabalho, disse que me fazia parte do assignment de Finance, mas não estou a contar muito com isso porque ele é muito bom rapaz mas falta ali qualquer coisa...
Pela primeira vez na vida estou a considerar se vou votar ou não. Para votar tenho de me ir registar ao consulado, o que não custa nada uma vez que até vou à cidade em breve, mas não sei se me apetece. As notícias que tenho lido... jasus que bandalheira que praí vai. Cada dia mais tenho a certeza que fiz a escolha certa em vir para cá. Mesmo com porca, com cansaço e sem tempo, não me arrependo nem nos piores dias da escolha que fiz.

12/04/2011

Adoro

pessoas que sabem sempre como viver a vida dos outros e que não sabem escrever.

11/04/2011

Uiiiii...

...o fenómeno dos anónimos azedos chegou a este blog!

10/04/2011

Eu nem sou assim muito pedinchona... mas vá lá, tenham pena de mim... estou aqui tão longe, o meu aniversário está aí mesmo à porta e eu nem tenho com quem festejar nem tenho prendinhas :( E isto são coisas que eu preciso, leram bem PRECISO! Sejam amiguinhos!
Um notebook! Já escolhi, quero um portátil daqueles pequeninos. Aqui a roomate disse-me que o dela tem bateria para 7 horas. Não sou esquisita com marcas...mas se for cor de rosinha ou branco fico extra feliz


Um spazinho... pode ser só uma massagem. Tudo bem... eu preciso de relaxar. O centro comercial aqui da zona é o Macquarie Centre!


Quero muito uma para aprender...sim ok, gozem lá a vontade... desde que tenha cestinho!


Gosto especialmente dos do canto inferior direito. Do Luís Onofre, tá?


Diz que são mesmo bons e eu aqui preciso de calçado confortável

Pronto para já é isto... depois se me lembras de mais alguma coisa aviso! 


Introducing the roomate

E pronto...a roomate já está instalada. Estive a conversar um bocadinho com ela e confesso que a moça me parece calminha, apesar de se notar que ainda está um bocado envergonhada e pouco à vontade. No entanto fiquei com pena dela... ora bolas, a rapariga teve de se mudar para cá porque ninguém a quer em lado nenhum... Então é assim, o pai vivia com a madrasta e o seu novo filho. Ela com a mãe e o seu novo marido. Este último adoeceu com leucemia e o primeiro separou-se da madrasta. Porque não dava jeito à mãe ter um marido doente e uma filha teen na mesma casa, ela mudou-se para casa do pai depois deste se ter separado. Como o pai agora se reconciliou com a mulher e esta não gosta da rapariga ela não pode mudar-se com o pai para a mesma casa... olha que lindo... o pai pôr as vontadinhas da mulher à frente da filha; e a mãe não querer a filha em casa porque o marido está doente. Quase que lhe dei um abracinho. Não se faz...a rapariga só tem 18 anos pá! Ca raio de pais... a não ser que ela seja uma peste e eu ainda não saiba... mas mesmo assim, filha é filha. Já inspeccionei e não é fã do Justin Bieber, o que à partida indica que não alinha em histerismos. O será o Bieber só para teens na ordem dos 13 e 14? hummmm.... Bom reparei que trouxe uma máquina de costura. Pode ser que seja um hobby...não sei se faz a própria roupa... vou inspeccionar, pode ser que ainda me faça alguma coisa gira e se um dia for famosa como costureira eu tenho uma peça exclusiva.
Está a estudar psicologia no primeiro ano e tem mais produtos de beleza que eu. As diferenças é que são engraçadas... eu uso creme hidratante anti rugas, ela anti borbulhas; eu creme reafirmante, ela creme aromatizado de coco; eu corrector de olheiras, ela brilhantes...
Entretanto a porca já se anda a esticar outra vez. Lá lhe mostrei os dentes na 6f e a gaja já está a abusar de novo. Não limpou o wc e a sala como era suposto, deixou pingos de café na mesa da sala, o esticador do cabelo no chão da sala ligado... se não limpar amanhã vou ter de lhe perguntar qual foi a parte que não percebeu do horário de limpeza. Eu tenho pra mim que não deixo esta casa sem espetar um par de chapadas nesta gaja ou pelo menos sem apresentar uma queixa nos Accomodation Services...  Ainda que eu ache que o que lhe fez falta foi um bom par ou dois de palmadas...
Anyway estou cansada. Estou exausta. Não me apetece fazer nada, dói-me a cabeça, a televisão aqui ao fim de semana é pior do que péssima... tenho uma tonelada de coisas para fazer, não tenho tempo nem energia para me chatear com esta miúda. Tenho de me concentrar que faltam apenas dois meses e meio para me livrar dela...quem sabe o que vou encontrar a seguir, é certo, mas pelo menos desta porca livro-me!
O que eu queria mesmo, mesmo era encontrar um pequeno estúdio só para mim, mas é impossível. É tudo muito caro e o que não é caro é longe... logo torna-se caro porque o passe aqui custa 50 dólares por semana.
E lá fora chove a potes. E a Allison está no quarto a ler. E eu a ver aquele cozinheiro sopinha de massa do qual até tenho um livro mas não me lembro o nome. Devia estar a estudar contabilidade... mas a minha cabeça dói tanto que prefiro pelo menos pelo resto do dia de hoje enrolar-me na mantinha e ficar aqui.
Bom domingo para vocês. beijoooo

09/04/2011

Prenda de aniversário da menina

Aqui

Pátria



«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;  um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;  um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (…)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente  inverosímeis no Limoeiro (…)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara  ao ponto de fazer dela saca-rolhas; (…)
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)»

Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

08/04/2011

The new people in my life

Fez hoje dois meses que aterrei em Sydney e nestes últimos dois meses tenho aprendido muito, não só na universidade mas no resto. Aprendi a fazer capuccinos e flat whites, aprendi a montar buffets, aprendi a desenrascar-me sozinha em todas as situações. Conheci pessoas, novas, diferentes, de todos os cantos do mundo. Aprendi que posso fazer coisas que nem sequer imaginava que fosse capaz, e que os dias são difíceis, mas como diz a minha querida Beguinha, amanhã é SEMPRE outro dia. E é assim que aprendi a viver aqui, amanhã é sempre outro dia. E se hoje estou em baixo, amanhã estarei melhor. Porque quando batemos no fundo, o único caminho é para cima. E acreditem, que tenho ido ao fundo muitas vezes nestes dois meses. Mas percebi que posso sempre recuperar, mais vezes do que pensava ser capaz.
Hoje, e ao fim de 2 meses de estar aqui, quero falar-vos das novas pessoas do meu mundo. Vamos começar pelo Chris. O Chris é da minha turma, é alemão, tem um inglês perfeito e é muito esperto. Apesar dos seus 24 anos tem o cabelo quase todo grisalho. Escusado será dizer que é giro que se farta. Quando o vi a primeira vez pensei que estava a ter uma alucinação. À parte dos olhos verdes, estes rapaz é igual ao Filipe dos Ídolos. Igualzinho! Tenho andado a tentar descobrir qual é o defeito dele... provavelmente é gay ou assim... mas isso não interessa nada porque o rapaz é muito agradável, muito simpático e um dos melhores colegas de turma que tenho.
Depois temos a Jenny. A Jenny é mais velha, adivinho que seja mais velha que eu. É colombiana. Tem um inglês de fugir, é lindo ouvi-la dizer "for example" é qualquer coisa como "pór egzample". Mas é tão querida. Vive cá há uns seis anos creio, na cidade, e tem uma bebé com dois. Ela e o Chris são os meus class mates preferidos.
A Michelle. A Michelle é chinesa. Não sei que idade tem nem consigo perceber. Acho que é daquelas pessoas que aparenta mais do que tem mas que ao mesmo tempo deve ter mais do que penso. É querida, mas não se percebe um caralho do que diz. Das chinesas todas da turma é a mais afável. Sem dúvida.
O Fidel. O Fidel é um porreiraço. É filipino mas creio que serão só as origens porque à parte a fisionomia é um completo australiano.Tem 24 anos, acho, é formado em ciência e trabalha lá na universidade mas ainda não percebi bem a fazer o quê. Faz parte do meu grupo para o trabalho de Marketing.
Passando ao pessoal do trabalho. Comecemos pelo chefe, o Issy de Castro. Sim leram bem, é meio tuga da parte do pai e meio timorense da parte da mãe. Nascido e criado em Darwin é o hotel manager da MGSM. É simpático, afável, conversador. Deve ter à volta dos 40 anos e da costela tuga que tem, é meio despassarado. Mas boa pessoa.
Depois temos o Paul. O Paul é o Chef. Foi a pessoa que melhor me tratou desde o dia em que cheguei à MGSM. Tem um ar assustador faz-me lembrar os gárgulas...a sério... completamente careca, com uns enormes e arregalados olhos tão azuis, tão claros que às vezes parece que tem os olhos todos brancos. A voz é forte. Assim que chego à recepção do hotel ouço-o a falar. É sul africano. Saiu de lá em 1989 e tem andado pelo mundo. Creio que me disse já ter estado em 72 países, incluindo Portugal onde foi ver os U2, não desta ultima vez, mas da outra. Na Quinta-feira disse-me que eu sou "so damn hot", com a maior naturalidade do mundo... ok há gostos para tudo, mas garanto que com 5 horas dormidas, meia despenteada e de farda estou longe de ser minimamente atraente.
O James trabalha comigo e faz o mesmo que eu, deve ter uns 22 anos. Acho que entrou pela mesma altura. É australiano e quando o vejo até tremo. Eu explico...tremo, não porque ele é alto, espadaúdo e giro - que pensando bem até é - mas porque não percebo nada do que ele diz. A sério... é daquelas pessoas que não se percebe uma palavra. Conheço algumas assim em Portugal, falam a mesma língua que eu mas têm uma forma de falar tão má que não se percebem. O James é assim. Não se percebe. E eu tenho passado alguns dos momentos mais embaraçosos desde que cá cheguei com ele... Pronto...quando o vejo penso: "lá vou eu passar vergonhas...oh valha-me o senhor". E depois concentro-me imenso no que ele diz e fico com cara de parva a olhar para ele a tentar percebê-lo. Acho que ele me acha meia tonta...
O Mitch ensinou-me a fazer os cafés. É um puto australiano também com alguma mistura asiática que deve ser provavelmente o rapaz mais descontraído do universo. Está a estudar história, não na Macquarie mas creio que na UNSW e faz imensas perguntas. Quando lhe disse que era portuguesa, perguntou-me que lingua é que eu falava... e eu disse..."hummm portuguese"... Ao que ele respondeu : "Really?" Mas acreditem é bom rapaz. Quando estamos sozinhos no café ficamos a ver fotos de moda no iPad dele e a comentar as gajas e os vestidos.
Depois temos a Molly. Criada numa aldeia perto das Blue Montains, a Molly é provavelmente a criatura mais mole que conheci aqui até hoje, mesmo quando comparada com a minha querida Ane. Estuda Speech Pathology na Macquarie, está no segundo ou terceiro ano. E é simpática mas não fala muito... para uma futura speech pathologist não sei se isso é bom...
Por último a Jay Jay. É chinesa, magrinha, pequenina, cheia de genica, divorciada e com duas filhas. Parece uma miuda mas tem 35 anos. É a revoltada do sítio. Fala mal das team leaders, fala mal dos chefes... tudo está mal para ela naquele sítio...enfim há sempre alguém assim em todos os trabalhos. O que vale é que o inglês dele tem uma pronúncia chinesa bastante acentuada... pelo que não percebo metade do que ela me diz.
À parte dos portugueses que aqui me receberam: o André, o Lourenço, o Vítor, o António; das housemates e dos colegas de turma de quem já tinha falado como o Abhi ou o Nelson, estas são as pessoas do meu mundo agora. Há mais, mas só à medida que o tempo passa é que lhes permito que entrem na minha vida e só depois é que ganham espaço neste canto virtual.
Entretanto, a P. desamuou hoje! Lá me falou... infelizmente foi só para dizer merda. Tem um date hoje, e estava mortinha para me dizer que ia sair com um gajo que trabalha num banco e tem um bom carro e que a vai levar a um restaurante caro. E não percebe a figura ridícula que faz ao contar-me estas coisas todas. Triste...não me disse uma única vez se era simpático, inteligente ou agradável.
Eu cá por mim nunca quis saber a marca do carro ou o saldo bancário de um gajo antes de sair com ele. E sinceramente, pensei que mulheres tão novas e com formação tinham outro tipo de pensamento. Mas pronto... já toda a gente percebeu a esta altura o tipo de menina que ela é...
Amanhã vou tentar dormir. A minha nova room mate só dorme cá a partir de amanhã por isso vou gozar a minha ultima noite de privacidade. Beijooosssss

Apesar da crise...

...e das minhas choradeiras e do conformismo português...haja sentido de humor. Aqui.

Os fenómenos da emigração

Bom o primeiro é que realmente já há coisas que tenho dificuldade em lembrar-me como se chamam em português. Ainda ontem queria dizer borrego, e só me lembrava de lamb... mas pior:
coincidência ou não com o início do tratamento hormonal que comecei, o que é certo é que de há ano e meio para cá, qualquer merda me da para verter lágrimas. Eu que sempre fui a pessoa menos lamechas e menos chorona das pessoas do meu universo, agora à mínima coisa emociono-me até às lágrimas. Confesso que é coisa que me incomoda porque foge do meu controlo e porque não me revejo nesta chorona que aqui se confessa. Eu choro com filmes, eu choro com notícias, eu choro com histórias fofinhas, eu até já choro a ver a Oprah! Alguém que me esbofeteie faxavor para eu ter um verdadeiro motivo para chorar! Ora vai daí, desde que cá cheguei ainda mais chorona estou. E cada vez que leio notícias do meu país, juro-vos que me vêm as lágrimas aos olhos. Ora porra, enquanto escrevo isto e me lembro que tive de sair porque não aguentava mais um país onde não vejo futuro, mais lágrimas me escorrem pelo rosto. Acabei de ler um post noutro blog sobre a situação económica em Portugal, que assume uma visão tão simplista e tão umbiguista que eu...pimba choro. Choro porque o povo português é pequenino e mesquinho e umbiguista e simplista e conformado e desinteressado. E eu queria tanto que fosse diferente. Eu queria tanto que todos vissem o país como eu o vejo daqui de longe... dá-me vontade de ir bater a todas as portas e explicar que esta visão do "desde que seja o vizinho do lado a estar desempregado, está tudo bem não é problema meu", não leva o país para a frente. E que pensar que desde que se tenha subsídio de desemprego não há problema em ser despedido também não ajuda; e que desde que o dinheiro no final do mês continue a dar para a jola ao fim de semana e para o maço de tabaco, então o país não está assim tão mal, também não é bom. E eu vejo e leio e sinto isto, cá de longe. E juro-vos... choro.
A sério que esta merda me está a chatear e estou mortinha para que a merda dos comprimidos acabem, para eu voltar a ser o macho de outrora!

Tou fodida

Desculpem lá mas não tenho outra expressão... então vamos começar pelo exame de Finance. Correu tão mal, mas tão mal que mais valia não ter perdido tempo a estudar aquela merda porque não me serviu de grande coisa. Parece que correu mal à turma toda... por isso, com sorte, se a turma toda ou quase chumbar vamos fazer uma queixa do prof. Tenho pena porque o acho fofinho, mas de facto é péssimo professor.
Depois vamos ao exame de Macroeconomics que foi esta manhã. Não correu mal, mas também não correu bem. Perdi imenso tempo a estudar Finance e então olha... merda. Aguardemos com serenidade. Estava eu a voltar para casa a pensar nos milhares de coisas que tenho para fazer durante o mid semester break quando recebo um telefonema dos Acommodation Services... eu sabia que este dia podia chegar...mas ...porra vou ter uma room mate.Pensava que amanhã ia dormir até tarde, mas não creio que vá conseguir pelo menos para já com uma pessoa estranha a dormir na cama ao lado. Tem 18 anos e é australiana, chama-se Allison. Ainda não chegou... vamos ver se é menos porca e mais crescidinha que a P. Senão vamos ter merda. Não sei o que lhes passou pela mona de pôr uma teen com uma gaja 14 anos mais velha... 14 anos...valha-me god é quase o dobro...
Actualização: a Allison chegou. Parece fofinha...mas a P. também parecia no início. A primeira coisa que me perguntou foi se tínhamos hora de entrada em casa... ora disse que não mas avisei-a logo que eu acordo cedo e durmo cedo! Aguardam-se (boas) novidades durante o fim de semana.

02/04/2011

Pequenada, não posso deixar de agradecer as vossas sábias opiniões. Pois que decidi então ver como a rapariga se comporta nesta semana que se avizinha. A ane foi ontem para o méxico, foi casar, está de volta só no final do mês. Portanto creio que não poderei contar com ela se a outra não desemporcalhar na semanan que vem. De qualquer forma ela é demasiado mole, por isso mesmo que cá estivesse creio que não poderia contar com ela para uma atitude mais radical. De resto deixem-me dizer que estou cheia de sono mas que desde que tenho o edredon durmo assim umas 34 vezes melhor do que antes. Continuo a estudar finanças... Não está fácil, por isso, quem for crente, seja lá em que deus for, que reze por mim. Quem não quiser rezar que torça os dedos como a blueangel, que tadixa já está a ficar com reumático à minha pala. Duas últimas coisinhas para verem que, apesar da minha mãe dizer que eu sou torcida, isso não é bem assim: 1- maridinho, dou o braço a torcer. Estou na aula de accounting a escrever isto no ipod. Estou viciada e acho que vou querer um ipad...
2-como até sou uma pessoa fofinha tenho umas luvas para dar à porca para ela não estragar as manápulas quando for limpar.
Bom fim de semana. Depois dou novidades dos exames mas até lá vou estar ocupada a queimar neurónios. Beijinhos

01/04/2011

Preciso da vossa opinião

Toca a comentar faxavor. Então é assim, a P. desde que definimos a escala de limpeza anda a evitar-nos e mal põe os cotos em casa. Tudo bem não tenho nada a ver com isso... se ela estivesse a cumprir a dita escala, o que não é o caso. A cozinha cheira mal porque há comida podre - dela - no forno, o lixo não foi para o caixote e há botas espalhadas pela sala.
A pergunta é: será muito porcalhão da minha parte fazer queixa nos serviços de acomodação? Deverei deixar-lhe um bilhete antes a informar do que pretendo fazer já que ela não aparece?

Aguardo as vossas opiniões.