Cartas


20/01/2012

Aussie holidays #3

Foi ao terceiro dia que pusémos em prática a nossa nova forma de passar férias. Ainda em Sydney tinhamos decidido acrescentar à já imensa bagagem os ténis e a roupa de corrida. Eu, para ser sincera, sempre pensei que era coisa que não iríamos usar, mas surpresa das surpresas, foi ao terceiro dia que calçamos os ténis e lá fomos nós a correr pela cidade, bem cedinho, junto do rio. Digo-vos não há melhor maneira de por um lado conhecer a cidade e perceber o que se quer ir conhecer melhor, e por outro lado, combater os inevitáveis excessos das férias. Que maravilha!
Quarenta e cinco minutos depois lá voltámos ao hotel e lá nos preparámos para mais um dia. Eu tinha cada vez mais sede de conhecer a cidade. A sério, ficou-me mesmo cá dentro. É absolutamente maravilhosa (mas ainda não bate o Rio de Janeiro, na minha opinião). Eu diria que Sydney é mais imponente, mas Melbourne...é um doce. Cheia de edifícios antigos (enfim...antigos isto é, a cidade foi fundada em 1835. há que perceber que aqui na Austrália o que é antigo nunca vai antes do século XIX), ruas onde apetece passear de mão dada lentamente, a respirar a brisa e a absorver o som agitado dos dias de trabalho. Em Melbourne é possível viver num só dia as quatro estações do ano. Já me tinham dito mas achei que era treta. Acreditem, não é, e para mim esse é o maior senão desta cidade que me conquistou.
Depois de fazermos o Eureka Building e a Edge Experience sabíamos que nada nos ia excitar tanto, por isso, optámos por fazer o mais comum. A Chinatown é fraquíssima se comparada com a de Sydney. Apenas uma rua estreita sem nada de muito chamativo e com alguns becos onde não nos atrevemos a entrar. Mais um passeio na Federation Square e uma ida ao Parlamento.
A Federation Square é uma praça cheia de vida. alia acontece tudo. Bares, cafés, concertos, ecrãs gigantes com apresentações, galerias de arte e muitas esplanadas. Os australianos, e mais os de Melbourne, têm este maravilhoso hábito: saem do trabalho pelas 4h30 ou 5h e não vão para casa. Vão beber uma pint ou um copo de vinho e conversar um bocado antes de regressarem ao suburb onde vivem. Sim, aqui viver na cidade é considerado brega... E o sítio ideal para fazer isso mesmo é a Federation Square. Também nós lá fomos nessa noite, ele para beber a sua cerveja e eu para degustar o meu copo de sparkling wine. Ahhhhh isto é que é vida. Como eu gosto do lifestyle destes gajos!
Dali seguimos para o Parlamento. Curioso que nunca entrei no de New South Wales, mas quer em Victoria quer em South Australia fiz a visita guiada... enfim, em casa de ferreiro... O Parlamento Victoriano segue o modelo inglês. É composto pelo Legislative Council e pela Legislative Assembly, nomes diferentes mas que vão dar ao mesmo que a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns, a primeira em vermelho, a segunda em verde, ambas pintadas a ouro. Literalmente. O edifício foi construído durante a Gold Rush do Séc. XIX e por isso aquelas salas foram todas pintadinhas a ouro. Explicou o nosso guia que Victoria teve muita sorte porque se tinha separado de New South Wales apenas duas semaninhas antes de descobrirem que havia ouro em Victoria, não sendo assim obrigados a partilhar. Eu tenho cá para mim que eles já sabiam e foi por isso mesmo que pediram separação, mas enfim... isso é coisa que o guia não iria dizer...
Visitámos também o Shrine of Remembrance, um edifício rodeado de jardins onde todos os dias, duas vezes por dia é celebrada uma cerimónia em homenagem aos militares que perderam a vida na Primeira Guerra Mundial. Os mortos de guerra é uma coisa que aqui se leva à séria. Há memoriais em todo o lado, mesmo na cidadezinha mais pequena e provinciana, seja para a Primeira, seja para a Segunda, e até para a do Vietname. Deve ser porque dos cerca de 89 mil militares victorianos que foram para a guerra, 19 mil não regressaram. Em Melbourne sentiu-se a necessidade de arranjar um local de culto onde os familiares desses soldados pudessem ir acalmar a sua dor. Reza a história que foram esses familiares que construiram o Shrine  com as suas generosas contribuições. A cerimónia é arrepiante. Nasce um raio de sol de lá de cima do tecto, que vem até cá abaixo iluminar uma lápide onde está gravada a frase: "Greater love hath no men", que significa qualquer coisa como "ninguém amou mais do que estes homens". Isto tudo acompanhado com uma musiquinha de corneta militar. Cá fora há uma chama sempre acesa. É uma homenagem bonita, só vos digo. Lá dentro podem ver-se exposições e filmes sobre a presença dos australianos na guerra. Vale muito a pena.
Terminámos o dia a visitar as Docklands, uma parte recente da cidade onde está o estádio e o Channel 7, que mais parece o Parque das Nações e onde há alguns eventos, como pequenas feiras, mas também comércio e outlets. Saímos dali e regressámos ao hotel, era noite de irmos curtir que no dia seguinte partiríamos à aventura pela Great Ocean Road.




ANZAC


The ceremony




Federation Square



Princes Walk





Beautiful


Julia Gillard não te metas comigo


Docklands



Esta peça é de um artista muito famoso e chama-se "Cow on the tree"...original...

3 comentários:

Isa disse...

amei o post!
e amei a foto do cabeçalho, que linda :) deixas-me tumblra-la?
Bjs

Rabbit disse...

Que bom! Podes! Mas olha... esta foto é na verdade de Adelaide. Só que achei-a tão apropriada que não resisti!

Isa disse...

então vou deixar que ela se pronuncie ;)

adorei saber que a Austrália honra os seus mortos, os que deram a vida pelo país, ao contrário de uns e outros... enfim ;)

e o post está divertido e sensibiliza ;)