Acordámos cedinho. Estava ansiosa por me pôr a andar, literalmente. A minha maneira preferida de passar férias é em cidades grandes, de mapa na mão e sapatos confortáveis para ir a todo o lado a pé! Só vou nalgum transporte quando a caminhada é demasiado longa ou o companheiro de viagem não tem a mesma vontade que eu de caminhar como se não houvesse amanhã.
Pequeno-almoço tomado, assim que pomos o nariz fora do hotel, congelámos. Uma ventania gelada que nem parecia estarmos em pleno Verão! Mas nada nos demoveria. Lá fomos até à paragem do eléctrico. Eu queria ir a pé, mas como disse um companheiro sem vontade e o frio lá me convenceram que o eléctrico talvez fosse a melhor opção.
Da paragem do eléctrico conseguíamos ver no horizonte o Eureka Building. Desde que decidimos ir a Melbourne que não pensávamos noutra coisa. É só o edifício mais alto do hemisfério Sul, e tem lá em cima, no 88º andar, a 350 metros do chão, um deck “destacável” todo em vidro. Destacável isto é, entramos lá dentro, o deck sai para fora do edifício e nós ficamos lá dentro com todas as paredes (menos uma) e o chão completamente transparentes. A 350 metros do chão, como disse. Olhámos lá para cima a tentar perceber onde raio estaria o deck! Não conseguimos perceber…
Chega o eléctrico e lá fomos nós rumo ao Queen Victoria Market. Eu adoro mercados…sempre que há um nos roteiros turísticos é certinho que eu estarei por lá. Este é famoso porque foi o primeiro da cidade, funciona desde 1878 e além das tradicionais banquinhas com produtos hortícolas, tem uma parte de recreio e um maravilhoso deli onde podemos tomar um café, comer um bolo ou uma “meat pie” ou simplesmente deliciarmo-nos com a paisagem citadina que nos rodeia. Melbourne tem muito boa arquitectura. Mesmo! É uma cidade bonita, linda!
Lá fiquei eu a apalpar as beringelas, a comer as cerejas e os cajus. Teria trazido metade do mercado atrás se vivesse nas redondezas. Tinha tudo um ar tão bom, tão saudável e tão barato comparando com Sydney que fiquei de coração partido por me ter ficado pelas cerejas…
Seguimos para o outro lado da cidade, para o Eureka Building que está do outro lado do rio que a divide, o yarra yarra, que significa flow, flow em linguagem indígena.
Não pudemos deixar de reparar, enquanto íamos para lá, no fantástico aproveitamento que a cidade fez das margens do rio. Tem ciclovias, passeios largos onde várias pessoas fazem jogging ou simplesmente se apressam para o emprego, bares, esplanadas...até no rio, agarrado a um pilar de uma das pontes há uma esplanada. Excelente!
Ficámos ali um bocadinho. Não sei se a ganhar coragem para entrar se a apreciar a urbe, sei que acabámos por desistir de contemplações urbanísticas dada a ventania e o frio que estava.
Chegados ao 88º andar, que o elevador faz em escassos segundos (até se sentem os ouvidos a fechar), ficámos maravilhados com a vista. Dá para ver a cidade toda e lá dentro há uma espécie de binóculos posicionados para vermos determinados pontos turísticos. Lá andámos a ver tudo, a fotografar…e depois decidimos: vamos à Edge Experience, o tal deck de vidro.
Protectores de sapatos colocados, malas e máquinas fotográficas à porta, entrámos com mais dois casais. O deck começou a sair lentamente. O vidro opaco. Tudo tranquilo. De repente pára. Ouve-se um barulho, um som semelhante ao que fazem as portas de inox deslizantes nos elevadores internos. Olho em frente. Vejo prédios. Ai cum caraças, já estamos cá fora! Vê-se Tudo!
Há sons de descargas eléctricas. Olho para o chão…camander ainda há pouco estava ali em baixo a contemplar o rio! Sinto-me enjoada. Há sons de portas a chiar. Olho em frente. Não consigo largar o corrimão. É como se fosse cair a qualquer momento cá para baixo. Ele está maluco! Maravilhado! O sorriso estampado na cara, anda pelo quadrado a caminhar como se nada fosse, e eu agarrada ao corrimão. Sempre tive problemas com alturas, não sei porque me meto nestas merdas. E estes barulhos! Já paravam com a brincadeira! Ele lá me diz, “ olha, olha! Olha lá pra baixo! É muita fixe!”. E eu respondo que é melhor não, que me deixe respirar fundo mais meia dúzia de vezes. Olho em frente. Estou a habituar a mente às circunstâncias, a convencer-me que estou num quadrado de vidro perfeitamente seguro e que nenhum terramoto vai acontecer. Derradeira respiração, mais funda que as outras, olho para o chão. Fico a olhar. Largo o corrimão e percorro o curto espaço. Que espectáculo! Que pena que não deixam trazer a máquina fotográfica! Ah ok, já sei, é para pagarmos 15 dólares pela foto que nos tiram a nós… enfim, que se lixe… não vou perder esta foto. Sorrimos. As férias vão ser espectaculares!
The Edge Experience
3 comentários:
Epá, eu quero essa Edge Experience! Deve ser es-pe-ta-cu-lar!!! Que máximo!!! E a tua descriação muito boa! :-) beijocas larocas
Olá,
Estou com falta de ar!!!!!!!!!!!!!!
A descrição deixou-me colada à cadeira. Ai que medo!!!!!
Parabéns pela coragem!
Beijinhos
Invejo a tua coragem. Eu também tenho uma "coisa" com alturas, acho que não me aventurava nessa experiência..
Mas adorei a descrição :)
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