Cartas


14/02/2011

1st job interview on Valentine's Day

E pronto lá fui eu hoje à minha primeira Job interview…já sei está tudo ansioso por saber se consegui o emprego e a resposta é, não sei mas acho que não porque não vou voltar lá. Ora bem depois de sair de casa antes das 7h e chegar lá às 9h e de ter visto o sítio comecei com as primeiras dúvidas. Estão a ver aquelas lojas em centros comerciais muito porcalhões, com roupa que devia ser proibida até para caridade? Ora pois…era assim. A Sra. Tamir, uma indiana muito mal enjorcadinha, era do mais antipático que há, a loja só tinha uma peça de jeito e o sítio era de fugir. Depois de me entrevistar, ela sentada e eu de pé junto ao balcão, disse que queria testar-me uma hora. E eu tudo bem. Perguntou-me quando tempo eu tinha demorado até lá, e depois de eu dizer 2h, marcou-me o tal teste ainda mais cedo do que a hora da entrevista. Ah! E o pagamento…miserável para os padrões australianos: 12 dólares por hora, claro que por baixo da mesa. O que nem é mau porque não sendo residente teria de pagar uns 30 por cento de impostos se declarar. Resignada, e sem mais nada na mão, lá me fui embora convicta de que o melhor seria mesmo ir fazer o tal teste na 4f. Lá vim eu cabisbaixa pelo caminho. Apanhei o autocarro a pensar o que será da minha vida se for tudo assim, a pensar mas ca raio te passou pela mona para vires para este país… até que passei pela David Jones. Uma espécie de El Corte Inglès cá do sítio, com todas as melhores marcas desde Prada a Dior, desde French Conection a Esprit. Desci do autocarro e entrei. Ora bolas, pensei, se tenho de trabalhar numa loja que seja num sítio destes. E então inspirada pelo momento de epifania lá fui eu caminhar pela Market St. Acho que foi Deus que me mandou para lá. Não, calma. Não arranjei emprego. Mas vi todo um mundo de possibilidades que me fizeram pensar: “Helena Isabel, mas tu tas parva? Vais trabalhar para um sítio que mete nojo a duas horas de distância de casa por míseros 12 dólares quando só de passe mamas 48 que até te lixas??” E desisti da ideia de fazer o tal teste.
Vai abrir na Market St uma Zara e tinham um mega cartaz a dizer que estão a contratar. Suponho que não tenha hipótese, mas vou tentar… quem sabe aquela semaninha que trabalhei na Zara em Portugal não seja um factor distintivo? Lá fui então apanhar o comboio para casa e pelo caminho tive vontade de chorar, pela primeira vez desde que cá cheguei. Mas mulher maquilhada não chora, por isso engoli as lágrimas, cheguei a casa e comecei a imprimir CV’s. Segui para o Macquarie Centre e fui entregá-los em cada loja que tinha um anúncio na montra e até mesmo nas que não tinham. Ganhei esperança.
À tarde ligaram-me por causa de um CV que mandei no fim-de-semana. Uma nova entrevista numa das escolas da própria universidade precisa de uma pessoa.  Depois de um telefonema meio atabalhoado (pensei que me estavam a ligar dos accomodation services e então pus-me a perguntar da chave da caixa do correio…lindo), lá vou eu a entrevista na 4f de manhã. Sra Tamir já foste, enfia os 12 dólares na peida e vê lá se aprendes a ser simpática!
Mas hoje porque estive meia down quero falar-vos das coisas más. Sim porque a cidade é linda, e mal posso esperar para ir lá amanhã de novo – que isto de viver no campo definitivamente não é para mim – mas não são tudo rosas. Além de estar a ficar tesa que nem um carapau, a minha housemate, que até é fofinha como já aqui o disse, tem umas cenas uma beca irritantes.Traz gajos cá para casa de madrugada. Até aí tudo bem, mas põe-se a comer e a beber vinho e acendem as luzes todas da casa. Mas ok, eu levanto-me cedíssimo e vingo-me. O problema é que não confio no judgement dela. Noutro dia apanhou boleia de um iraniano no meio da estrada e ainda lhe deu o número de telefone, sem o conhecer de lado nenhum. Como é que eu sei que ela não está a pôr dentro de casa um serial killer?
Depois comem, bebem vinho e deixam a louça toda suja na cozinha. Ok…não me incomoda porque é ela que a lava. Mas incomoda-me ir tomar o pequeno-almoço e ter a cozinha cheia, mesmo cheia, de formigas. Isto é uma casa de campo!! Não se pode deixar pacotes de açúcar abertos (como ela deixou), migalhas de tartes e pratos sujos espalhados por aí! Porra! Ainda ontem aspirei a casa já tá um nojo. À parte estas merdas… até é fixe. Hoje pediu-me conselhos por causa do amigo…parece que se enrolaram aqui em casa ontem à noite mas o gajo depois bazou sem grandes explicações. É giro que ela diz que nada fazia prever que se tivessem beijado e que ela não fez nada para que isso acontecesse. Yeah, yeah… eu que nunca o vi já sabia que isso ia acontecer e até sabia que ia ser ontem. Ora bolas, andam neste chove não molha desde que eu cá cheguei, pelo menos, e ontem foram dançar salsa e beber vinho… era óbvio. De qualquer forma lá lhe expliquei que, em termos de conhecimento de homens, a única diferença que há entre as mulheres da minha idade e as da dela, é que nós dos 30 já deixámos de perder noites a pensar o que poderá significar determinado tipo de comportamento. Ou seja, não entendemos mas também já não pensamos muito nisso.E quase lhe expliquei também que essa história de ela não ter feito nada para que os tais beijinhos acontecessem era boa para contar a alguém da idade dela...
Agora vou mandar mais uns CV’s. Depois talvez vá correr, ou não porque me dói imensamente a cabeça. Talvez fique por aí deitada no sofá a descansar. Amanhã vou finalmente tirar o meu RSA, um certificado que me permite servir álcool nos restaurantes e cafés, talvez dar mais uma voltinha pela cidade. Agora que tenho o passe na mão ninguém me pára! Podia ter ido hoje também mas além da desmotivação que aquela entrevista me criou, estava demasiado bem vestida para andar por aí a circular. E fui eu com a minha melhor farpela…ai que isto de ser imigrante é duro! Mas uma australiana velhota fofinha disse que os meus sapatos eram gorgeous e são! Demasiado para uma loja ranhosa como aquela!
Hoje deixo só aqui umas poucas fotos que tirei na Market St e na George St, que pelo que posso perceber são das principais lá do sítio. Vá lá encham-me a caixa de comentários e o mail com palavras de incentivo. Eu sabia que ia precisar um dia, vocês também sabiam. Despejem lá o que têm andado a treinar que hoje é o dia. 
Pitt St

O meu futuro local de trabalho. O pessoal aqui leva o Valentine's Day muito a sério!

No meio de torres gigantes de vidro, The Strand, na George St

Andar de autocarro é cool, porque eles têm estas faixas próprias então quase não apanham trânsito


Isto do monorail é uma cena muito à frente! Parece que estamos naquele filme do Bruce Willis no futuro em que as estradas eram no ar. Lembram-se?



5 comentários:

Vânia Pinheiro disse...

Oh Leninha!
Em primeiro lugar, dias maus vais ter alguns... mas... quer estejas na Austrália ou em Portugal isso acontece. Toda a gente os tem!
Há que pensar positivo e não desistir, muito menos desanimar. Tu tens força para dar e vender. E tens sempre a tua housemate para te fazer pensar "se eu fosse assim era bem pior". LOL. Deve estar desesperada para encontrar namorado...
By the way, detesto o dia dos namorados, sempre detestei, é ridículo.
Em relação às formigas, tens que falar com a rapariga com calma. Não vale a pena arranjar conflitos com a (única) pessoa mais próxima que tens (por enquanto). Acho que se lhe explicares que há muitas formigas ela vai compreender.
E, por fim, em relação ao trabalho, tens que ter confiança! Claro que vais conseguir. Desde quando não consegues alguma coisa que queres muito? ;)

Um beijinho do tamanho do mundo. Força!

Ana disse...

Calma lenocas, não vais sucumbir nas primeiras dificuldades! Levanta a cabeça e mãos à obra! E nem precisas de arregaçar as mangas pq tens o verão a teu favor ;) Não é uma indiana mal enjorcada que te vai deitar abaixo, nem a bicheza local e mto menos a intimidade da Paulina. Tu és mais forte que tudo isso junto e mto mais!
E não estas só, tens um batalhão de gente (ou mais que um ;)) a torcer por ti.
Animo!
bjs

Um pai que não sabe o que faz disse...

Consigo perceber muito bem o que sentes, cara amiga.

Quanto estive em Moçambique também havia dias que só me apetecia chegar a casa e gritar "****** que os pariu!!!" Depois disso, a coisa acalmava e andava para a frente. Os stresses existem em todo o lado, mas sei que em casa podemos sempre voltar ao conforto do lar, e aí o lar não é ainda grande conforto, mas fica certa que se tornará e tudo será mais fácil, esta fase de transição é que é mais lixada.

Por isso, e porque este blogue te aproxima um pouco mais de cá, aqui fica o meu incentivo... Força nisso! :)

BlueAngel aka LN disse...

Olá Amôri,

momentos bons e maus acontecem a todos, aí ou aqui, claro que tendo "as nossas pessoas por perto" é mais fácil, mas, não estando fisicamente, tens "as tuas pessoas" todas contigo em pensamento todos os dias. Agora desistir por causa de uma indiana maluca??? No way!!! Já que está aí força com os teus objectivos. :-))) A Paulina é jovem e não pensa (como diria o Herman), mas até dá para te rires um bocado e nós também. :-))) Nós vamos enviando todas as good vibes que precisas e tu vai recebendo. Não nos deixes sem notícias. Eu até já tenho uma amiga que é tua fã e está a adorar ler-te todos os dias. Este fim-de-semama sai com ela e do meio do nada diz-me a Elora:" Olha, estou a adorar ler o blog da tua amiga." Viste, viste? Já estás a cativar leitores e eu fiqwuei toda babada. eheheheheheheh Portanto, FORÇA E PARA A FRENTE QUE ATRÁS VEM GENTE!!! beijocas larocas azuladas com muita amizade e apoio e abraços enormes. :-)))

AR disse...

Aqui ou pelo caminho, nessa cidade que pelas fotos parece fantástica ou no Barreiro (ahahaahah), apesar da vista para o rio, aos 30 anos ou aos 80, de manhã ou ao deitar, antes de almoço ou à hora do jantar, com sono ou cheia de genica, com sol ou com trovoada... CONTA SEMPRE CONTIGO. Tu és a tua maior força, o teu grande incentivo, a tua mais importante companheira de luta e de conquistas. Porque tudo o que fizeres é para ti e tudo o que conseguires é porque tu mereces.

Entretanto, como vês, estamos todos aqui atentos ;)

Muitos beijinhos