Cartas


08/04/2011

The new people in my life

Fez hoje dois meses que aterrei em Sydney e nestes últimos dois meses tenho aprendido muito, não só na universidade mas no resto. Aprendi a fazer capuccinos e flat whites, aprendi a montar buffets, aprendi a desenrascar-me sozinha em todas as situações. Conheci pessoas, novas, diferentes, de todos os cantos do mundo. Aprendi que posso fazer coisas que nem sequer imaginava que fosse capaz, e que os dias são difíceis, mas como diz a minha querida Beguinha, amanhã é SEMPRE outro dia. E é assim que aprendi a viver aqui, amanhã é sempre outro dia. E se hoje estou em baixo, amanhã estarei melhor. Porque quando batemos no fundo, o único caminho é para cima. E acreditem, que tenho ido ao fundo muitas vezes nestes dois meses. Mas percebi que posso sempre recuperar, mais vezes do que pensava ser capaz.
Hoje, e ao fim de 2 meses de estar aqui, quero falar-vos das novas pessoas do meu mundo. Vamos começar pelo Chris. O Chris é da minha turma, é alemão, tem um inglês perfeito e é muito esperto. Apesar dos seus 24 anos tem o cabelo quase todo grisalho. Escusado será dizer que é giro que se farta. Quando o vi a primeira vez pensei que estava a ter uma alucinação. À parte dos olhos verdes, estes rapaz é igual ao Filipe dos Ídolos. Igualzinho! Tenho andado a tentar descobrir qual é o defeito dele... provavelmente é gay ou assim... mas isso não interessa nada porque o rapaz é muito agradável, muito simpático e um dos melhores colegas de turma que tenho.
Depois temos a Jenny. A Jenny é mais velha, adivinho que seja mais velha que eu. É colombiana. Tem um inglês de fugir, é lindo ouvi-la dizer "for example" é qualquer coisa como "pór egzample". Mas é tão querida. Vive cá há uns seis anos creio, na cidade, e tem uma bebé com dois. Ela e o Chris são os meus class mates preferidos.
A Michelle. A Michelle é chinesa. Não sei que idade tem nem consigo perceber. Acho que é daquelas pessoas que aparenta mais do que tem mas que ao mesmo tempo deve ter mais do que penso. É querida, mas não se percebe um caralho do que diz. Das chinesas todas da turma é a mais afável. Sem dúvida.
O Fidel. O Fidel é um porreiraço. É filipino mas creio que serão só as origens porque à parte a fisionomia é um completo australiano.Tem 24 anos, acho, é formado em ciência e trabalha lá na universidade mas ainda não percebi bem a fazer o quê. Faz parte do meu grupo para o trabalho de Marketing.
Passando ao pessoal do trabalho. Comecemos pelo chefe, o Issy de Castro. Sim leram bem, é meio tuga da parte do pai e meio timorense da parte da mãe. Nascido e criado em Darwin é o hotel manager da MGSM. É simpático, afável, conversador. Deve ter à volta dos 40 anos e da costela tuga que tem, é meio despassarado. Mas boa pessoa.
Depois temos o Paul. O Paul é o Chef. Foi a pessoa que melhor me tratou desde o dia em que cheguei à MGSM. Tem um ar assustador faz-me lembrar os gárgulas...a sério... completamente careca, com uns enormes e arregalados olhos tão azuis, tão claros que às vezes parece que tem os olhos todos brancos. A voz é forte. Assim que chego à recepção do hotel ouço-o a falar. É sul africano. Saiu de lá em 1989 e tem andado pelo mundo. Creio que me disse já ter estado em 72 países, incluindo Portugal onde foi ver os U2, não desta ultima vez, mas da outra. Na Quinta-feira disse-me que eu sou "so damn hot", com a maior naturalidade do mundo... ok há gostos para tudo, mas garanto que com 5 horas dormidas, meia despenteada e de farda estou longe de ser minimamente atraente.
O James trabalha comigo e faz o mesmo que eu, deve ter uns 22 anos. Acho que entrou pela mesma altura. É australiano e quando o vejo até tremo. Eu explico...tremo, não porque ele é alto, espadaúdo e giro - que pensando bem até é - mas porque não percebo nada do que ele diz. A sério... é daquelas pessoas que não se percebe uma palavra. Conheço algumas assim em Portugal, falam a mesma língua que eu mas têm uma forma de falar tão má que não se percebem. O James é assim. Não se percebe. E eu tenho passado alguns dos momentos mais embaraçosos desde que cá cheguei com ele... Pronto...quando o vejo penso: "lá vou eu passar vergonhas...oh valha-me o senhor". E depois concentro-me imenso no que ele diz e fico com cara de parva a olhar para ele a tentar percebê-lo. Acho que ele me acha meia tonta...
O Mitch ensinou-me a fazer os cafés. É um puto australiano também com alguma mistura asiática que deve ser provavelmente o rapaz mais descontraído do universo. Está a estudar história, não na Macquarie mas creio que na UNSW e faz imensas perguntas. Quando lhe disse que era portuguesa, perguntou-me que lingua é que eu falava... e eu disse..."hummm portuguese"... Ao que ele respondeu : "Really?" Mas acreditem é bom rapaz. Quando estamos sozinhos no café ficamos a ver fotos de moda no iPad dele e a comentar as gajas e os vestidos.
Depois temos a Molly. Criada numa aldeia perto das Blue Montains, a Molly é provavelmente a criatura mais mole que conheci aqui até hoje, mesmo quando comparada com a minha querida Ane. Estuda Speech Pathology na Macquarie, está no segundo ou terceiro ano. E é simpática mas não fala muito... para uma futura speech pathologist não sei se isso é bom...
Por último a Jay Jay. É chinesa, magrinha, pequenina, cheia de genica, divorciada e com duas filhas. Parece uma miuda mas tem 35 anos. É a revoltada do sítio. Fala mal das team leaders, fala mal dos chefes... tudo está mal para ela naquele sítio...enfim há sempre alguém assim em todos os trabalhos. O que vale é que o inglês dele tem uma pronúncia chinesa bastante acentuada... pelo que não percebo metade do que ela me diz.
À parte dos portugueses que aqui me receberam: o André, o Lourenço, o Vítor, o António; das housemates e dos colegas de turma de quem já tinha falado como o Abhi ou o Nelson, estas são as pessoas do meu mundo agora. Há mais, mas só à medida que o tempo passa é que lhes permito que entrem na minha vida e só depois é que ganham espaço neste canto virtual.
Entretanto, a P. desamuou hoje! Lá me falou... infelizmente foi só para dizer merda. Tem um date hoje, e estava mortinha para me dizer que ia sair com um gajo que trabalha num banco e tem um bom carro e que a vai levar a um restaurante caro. E não percebe a figura ridícula que faz ao contar-me estas coisas todas. Triste...não me disse uma única vez se era simpático, inteligente ou agradável.
Eu cá por mim nunca quis saber a marca do carro ou o saldo bancário de um gajo antes de sair com ele. E sinceramente, pensei que mulheres tão novas e com formação tinham outro tipo de pensamento. Mas pronto... já toda a gente percebeu a esta altura o tipo de menina que ela é...
Amanhã vou tentar dormir. A minha nova room mate só dorme cá a partir de amanhã por isso vou gozar a minha ultima noite de privacidade. Beijooosssss

2 comentários:

Renato disse...

Só passei aqui pra dizer que gosto muito de ler vc! Ah, e obrigado pela msg de aniversário!!!!

Rabbit disse...

E eu gosto muito que cá venhas ;)