Cartas


08/07/2011

Fenómenos australianos

Vocês, que me conhecem, sabem. Não é por mal... é mesmo assim. Eu e as crianças nunca conseguimos ser muito próximas. Não é que não goste delas. Acho até que são mais elas que não gostam de mim. Aliás, acho que nem é uma questão de gostar ou não, simplesmente não conseguimos criar ali nenhum tipo de ligação. São poucas, muito poucas, as que criam alguma afinidade comigo.
A Sue tem uma afilhada com 9 anos. Dorme cá em casa uma vez por mês. Já a conhecia de quando vim ver a casa a primeira vez. Confessou-me a Sue mais tarde, que ela disse que tinha gostado de mim. Hoje cá veio a Rebecca dormir. Quando ela, a mãe e a Sue chegaram eu estava a ver TV. Conversámos o trivial e a Rebecca veio imediatamente sentar-se ao meu lado e partilhar da manta que me cobria. Medo, pensei. E agora? É suposto brincarmos? Ora bolas eu nem em português sei brincar quanto mais em inglês?
De iPod em punho, lá jogámos, brincámos com o talking tom, ela pediu-me para lhe ensinar palavras em português, fez-me perguntas, muitas perguntas. E percebeu tudo o que eu ia dizendo, sem nunca questionar o meu accent, como alguns adultos fazem. Depois... depois quis mostrar-me as coreografias das aulas de hip-hop que frequenta. E eu vi, e aplaudi... e estava nervosa. E depois lá lhe passou o interessa em mim. E eu, que até gostei da miúda, senti-me aliviada. E vim para o meu quarto. Mas acho que é bom que ela goste de mim, senão ia ser uma chatice... e acho que a Sue também gostou que ela gostasse de mim. Ufa! Sinto que acabei de passar um exame...

1 comentário:

Li disse...

Eh eh eh eh,
muito bom!!!
Não te esqueças que esses são os exames mais difíceis, não há maneira de contornar a coisa, ou se gosta ou não se gosta!
Parabéns.

De certeza que tudo se torna mais fácil assim.
Beijinhos