Quando era pequenina achava que os amigos, no matter what, estão lá para ficar. Mesmo com distância, mesmo com escolhas de vida diferentes. Mas pouco a pouco tenho percebido que toda a gente tem um tempo para fazer parte de nós. A nossa vida muda e com ela mudamos os nossos interesses, hábitos, ideias, formas de estar na vida. Com as mudanças da nossa vida, mudamos também a vida dos outros e pouco a pouco, ou às vezes de repente, a nossa vida deixa de estar entranhada com a daquelas pessoas que não imaginávamos que algum dia pudessem deixar de ser uma parte nós.
À medida que percorremos o nosso caminho, novas pessoas se nos entranham. Pessoas que entram mas que a inocência já perdida, não nos deixa acreditar que vão ficar. Todas as pessoas têm um tempo na nossa vida. Umas têm um tempo maior, outras menor. Umas deixam-nos momentos irrepetíveis, outras passam despercebidas. Umas saem de repente e deixam um vazio prolongado. Outras saem lentamente. Menos um telefonema, menos uma coisa que não vale a pena contar, menos uma pergunta porque na realidade não nos interessa a resposta, menos um jantar ou um aniversário.
Há dez anos, ou talvez um pouco mais, pensava que havia pessoas em mim que nunca iria perder. Há quatro meses, pensava que seria muito difícil fazer amigos novos, porque a amizade é uma coisa que se constrói. Hoje sei que ganhei pessoas que vão ficar, o seu tempo. Hoje sei quem foi que já perdi. E sei, com tristeza, que este momento nunca mais se vai repetir.
21 Fevereiro 2009
5 comentários:
Identifico-me tanto com este teu texto. Tenho fotos de momentos como este e curiosamente das melhores amizades que tive no iscsp que hoje não fazem sentido. Algum. Pessoas que deixaram de fazer parte da minha vida por iniciativa própria e a quem deixei ir... No entanto, acredito nas novas amizades. Aquelas que surgem mais rapidamente e a quem te demoras menos a ligar. Parece até que as conheço há anos e neste momento fazem tanto sentido! Acho que pela idade ja não questiono muito e as coisas acontecem mais depressa com a certeza porem de que há pessoas que gostam muito delas próprias e que não estão la nem quando precisas nem quando não precisas. E esta constatação faz mesmo parte do crescimento. Parabéns pela tua coragem e força. Admiro-te por isso e vou acompanhando daqui nem sempre com tempo para comentar mas com entusiasmo e admiração. Bjsss. Ps. E aos poucos imagens como esta vão sendo actualizadas por outras... Que neste momento fazem tão mais sentido.
Gostei muito do post, e acredito que todas elas cumprem um papel na nossa vida, mesmo que algumas a gente queira ver pelas costas ;)
Bjo
É um facto que há pessoas que apenas passam pelas nossas vidas e dessas, umas deixam marcas e outras não marcam mesmo nada, apenas passam.
Eu encaro com naturalidade. Não lhe chamo "amizade rasgada" porque isso implica, do meu ponto de vista, um conflito, uma mágoa. Felizmente ainda não tive essa experiência.
As pessoas a quem chamo de amigas, essas estão SEMPRE comigo e eu com elas; independentemente de lhes falar com maior ou menor assiduidade, de estarem na mesma cidade ou, como tu, no outro lado do mundo.
Quanto à chegada de novas pessoas ao círculo de amizade, também é algo de natural e deixo que a coisa flua e não penso se vai durar muito ou pouco tempo; e normalmente quando dou por isso, já se passaram anos desde que a conheci.
Como qualquer coisa viva, as amizades precisam de ser cuidadas, alimentadas. Como qualquer coisa viva, eventualmente terão um fim; abrupto ou suave.
No fim de contas, o importante é que a amizade exista!
SMILE, vive ao máximo esta experiência fantástica que estás a ter, com a certeza de que aqui, neste canto ocidental da Europa tens bons amigos que te seguem e te esperam :)
Beijos e abraços
É fodido... Concordo. Mas faz parte, é natural, não tão natural como a sua sede. Não é água, mas flui e corre rápido, por isso é tão bom ter prazer quando passa por entre os dedos.
Viver!
ML
Adorei o teu texto!
Até fiquei comovida, simplesmente, porque é a realidade de cada um e de todos em conjunto.
Beijinhos
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